A decisão do PT em divulgar o apoio ao PSB nas eleições de 2020 na capital, pode trazer reflexos na formação de alianças no interior do Estado, incluindo Petrolina. A manutenção do cenário atual é defendida pelo senador Humberto Costa (PT), principal beneficiado com a fritura da pré-candidatura da Marília Arraes (PT) à governadora de Pernambuco.
Mesmo após conseguir o apoio da executiva nacional para sua postulação à Prefeitura do Recife, Marília assistiu ao diretório estadual aprovar por 37 votos a sete a manutenção da aliança com o partido do prefeito, Geraldo Júlio (PSB), que tentará eleger como sucessor o deputado federal, João Campos (PSB).
E o que Petrolina tem a ver com isso?
Para quem não lembra, em 2018, quando a pré-candidatura de Marília Arraes começou a ganhar corpo em várias regiões pernambucanas, o então deputado estadual, Odacy Amorim (PT), tratou de colocar o nome na lista, afirmando estar pré-candidato ao governo do estado também. Tal disposição surpreendeu até mesmo os companheiros de partido em Petrolina, que não apoiaram essa proposição.
Com o passar dos dias, o calendário eleitoral foi apertando e em meio ao rigor no cumprimento dos prazos, Amorim retirou a pré-candidatura a governador, assumiu a candidatura a deputado federal e filiou a esposa, hoje deputada estadual, Dulcicleide Amorim, ao PT, com a ficha abonada na instância estadual da legenda. Marília Arraes foi excluída do páreo, o apoio foi para a reeleição de Paulo Câmara (PSB) sob o argumento de fazer palanque para o candidato do partido à presidência, Fernando Haddad (PT).
Ainda naquela época atribulada, a notícia de um acordo em cima do acordo surgiu. Segundo os bastidores, o gesto do PT para o PSB em 2018 seria retribuído em 2020 na busca por prefeituras em cidades estratégicas como Petrolina e Serra Talhada.
Mas no meio do caminho tinha o deputado estadual, Lucas Ramos (PSB), que depois de ter sido preterido pelo governador em 2016, acreditava que essa seria sua vez de disputar à prefeitura da capital do São Francisco. Porém, não é isso que está se construindo na prática.
O esvaziamento da pré-campanha de Ramos foi tão grande, a ponto do deputado liberar seus aliados para se filiarem ao Podemos, em detrimento do próprio partido.
Em meio a essa história que mais parece o poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade (João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim, que amava Lili, que não amava ninguém), resta saber se as previsões e rumores se concretizarão na capital e em Petrolina também.