Com a vigência do decreto nº 050/2020, o transporte de passageiros via mototáxi está novamente proibido no município. Buscando reverter essa situação, representantes da categoria se reuniram na manhã de hoje (14) com o presidente interino da Autarquia Municipal de Mobilidade de Petrolina (Ammpla), Franklin Alves. Em entrevista ao Nossa Voz, Alves elencou os motivos pelos quais a manutenção do serviço seria inviável.
“Infelizmente a fiscalização vai ser realizada. Não era um desejo da Ammpla, não era um desejo da gestão, mas nós temos uma dificuldade na contenção do vírus quanto a utilização do capacete. É bastante perigoso esse tipo de transporte na questão da contaminação da covid, então a fiscalização será mais realizada da forma mais específica, mais incisiva possível, de maneira que não cause constrangimento algum àquele que está utilizando o serviço, ou àquele permissionário. A intenção da Ammpla não é isso, mas que a fiscalização será realizada será”, explicou.
De acordo com o presidente da autarquia, as medidas punitivas incluem até o recolhimento do alvará. “A gente vai recolher o alvará, para que ele (mototaxista) possa tomar ciência da situação que é singular, não passamos por isso normalmente. Então, temos todos que, infelizmente, fazer um esforço para que as medidas de contenção do vírus sejam tomadas da forma mais eficiente possível”, sensibilizou.
Categoria discorda
Em contrapartida, o Nossa Voz também foi procurado pelos integrantes da categoria que não aceitam o argumento do risco de propagação da covid-19. “Só os mototáxis são vistos como transmissores do coronavírus? É o capacete? Muitos clientes já utilizam os seus. Usamos álcool, proteção, touca descartável. Então se nada disso serve, porque as pessoas estão usando álcool em gel na porta do comércio para higienizar suas mãos. Não protege de nada?”, questionou Márcio de Assis.
Mototaxista há vários anos, ele aponta as falhas em demais integrantes do sistema de transporte público. “Isso não é desculpa. A gente parando, o sistema superlota os ônibus. (…) A gente vê o quê? Ônibus lotados, onde deveriam no mínimo, ter os passageiros transportados sentados. Isso que não entendemos. Se é para parar o sistema público, pára todos (os integrantes). Não adianta interromper um lado e ficar o outro rodando. Ou que pare, mas nos deem assistência. Vejam as nossas condições de botar comida em casa e pagar nossas contas em dias. É difícil”, lamentou.
Mototaxistas flagrados
Além do depoimento de Márcio de Assis, o programa contou com a participação do presidente da Coopermototáxi, Milton Barbosa, que protestou contra a apreensão de dois mototaxistas pela fiscalização do município. A liderança reforçou que os profissionais do transporte público também estão sujeitos ao contágio pela covid-19.
“Se o cara está num táxi e esse veículo está higienizado, quem garante que essa pessoa não vai contaminar o motorista? Quem garante que o Uber também não tem essa situação? Quem garante que as pessoas que ali andam, três e às vezes, quatro em um veículo, algum deles não esteja contaminado? Os mototaxistas estão de costas, conduzindo a moto, usando máscaras, (álcool) gel, higienizam os capacetes dos passageiros, o passageiro não tem nenhum contato. Qual é o risco que essa pessoa está oferecendo?”
Milton ainda aponta suas percepções acerca das medidas adotadas pelas gestões municipal e estadual. “O que a gente vem percebendo aqui em Petrolina e também no Estado é que a prioridade são os ônibus. Se falam numa distância mínima de dois metros, me mostre, quando tem duas pessoas sentadas lado a lado, onde é que está distante dois metros um do outro? Quero que me mostre esses ônibus sendo higienizados ao longo do seu trajeto, ao término desse trajeto”, cobrou.
A categoria aguarda um posicionamento da Ammpla quanto as reivindicações feitas na reunião de hoje. Entre elas, está a isenção na renovação do alvará de prestação do serviço e a divulgação de um protocolo de segurança para manutenção do transporte de passageiros no município.