Os lugares em que grande parte da população contraiu dengue no ano passado e no começo deste ano demoraram mais tempo para ter transmissão comunitária exponencial da Covid-19. Além disso, registraram números menores de casos e de mortes causadas pelo novo coronavírus, indicando uma possível interação imunológica entre os dois vírus.
A conclusão é de um estudo liderado pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis, professor catedrático da Universidade Duke, na Carolina do Norte, que desde o início da pandemia se dedica a estudar o comportamento do coronavírus no Brasil. O estudo foi enviado a um repositório de pesquisas a serem publicadas em revistas científicas e ainda não foi revisado por pares.
Estudo investiga por que algumas pessoas têm defesa contra a Covid mesmo sem terem sido infectadas
De acordo com Nicolelis, a pesquisa indica que também há a possibilidade de que vacinas aprovadas ou em desenvolvimento para a dengue possam provocar alguma forma de proteção contra o novo coronavírus.
“Essa descoberta surpreendente levanta a intrigante possibilidade de uma reação cruzada entre o vírus da dengue e o SARS-CoV-2. Se comprovada correta em futuros estudos, esta hipótese pode significar que a infecção pela dengue ou uma eventual imunização com uma vacina eficaz e segura para dengue poderia produzir algum tipo de proteção imunológica para SARS-CoV-2, antes de uma vacina para SARS-CoV-2 se tornar disponível”, diz o estudo, visto com exclusividade pela Reuters.
O pesquisador ressaltou, em entrevista exclusiva à Reuters, que já existem trabalhos mostrando que pessoas que têm sorologia positiva para dengue testam positivo para coronavírus sem ter coronavírus, sugerindo que essas pessoas produzem um anticorpo que age nas duas doenças.
“Isso indica que existe uma interação imunológica entre os dois vírus que ninguém poderia esperar, porque os dois vírus são de famílias completamente diferentes”, afirmou. (G1)