Pelo menos um dos pacotes de sementes misteriosas não solicitados vindos de quatro países asiáticos pelos Correios foi identificado em Pernambuco. A informação foi dada pela Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (6).
Apenas dois estados do Brasil (Maranhão e Amazonas) ainda não têm ocorrências do tipo. Ao todo, 258 amostras já foram recolhidas pelo Mapa, sendo 39, a maioria, em Santa Catarina. Análises preliminares indicam que foram encontrados fungos, bactérias e ainda há a possibilidade de pragas quarentenárias – pragas daninhas ou aquelas que não existem no Brasil – nos pacotes.
As análises laboratoriais das amostras identificaram ácaro vivo em uma amostra e três fungos diferentes em outras 25, além de bactérias em duas e as pragas quarentenárias em quatro. A verificação da composição das sementes é feita pelo Laboratório de Defesa de Agropecuária, em Goiás, considerado referência no País.
De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal, o material não tem certificação e, por isso, está sendo realizada uma “pesquisa do zero” para a identificação dos micro-organismos presentes nas sementes.
Medidas estão sendo tomadas para impedir a introdução de novas pragas no Brasil, ressalta o Mapa. “O cidadão que receber esse material pode entregar para o órgão de agricultura que ele não vai ser de forma alguma penalizado. Ele está fazendo uma colaboração da proteção da agropecuária do Brasil e também evitando o contato com um material que possa ter um risco até para a saúde”, destacou o secretário, na coletiva.
Quem receber as sementes não deve abrir a encomenda e nem plantar, segundo a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro) em comunicado encaminhado à população pernambucana. A agência ressalta que o material deve ser preservado e não deve circular no ambiente, por causa do risco de veiculação de pragas ou doenças de importância econômica que não existem no Brasil. O Mapa deve ser acionado para recolher o material.
Todo o processo de comunicação de quem recebe as sementes é coordenado pelo Mapa, cuja superintendência em Pernambuco é responsável pelo balanço e encaminhamento do material para análise no laboratório de Goiás.
As investigações, a princípio, devem ser feitas apenas na esfera administrativa do Ministério da Agricultura. Após o recolhimento de todas as informações, o ministério pretende entrar em contato com autoridades fitossanitárias dos países que supostamente enviaram o material.
Caso seja necessário, acrescenta o Mapa, serão acionadas autoridades policiais para dar sequência às investigações. “Ainda não há elementos para afirmar se é uma ação intencional para introdução de uma praga no Brasil”, declarou o secretário.
Sementes no Brasil
Apenas países já autorizados pelo Mapa podem enviar sementes para o Brasil. Isso porque o ministério estabeleceu previamente todos os requisitos fitossanitários para a operação. As sementes não têm autorização de chegar ao País por via postal. O material também deve ser certificado pelas autoridades fitossanitárias do país exportador.
Antes de autorizar a importação da semente de determinado país, o Mapa analisa os riscos para identificar quais pragas podem ser introduzidas pelo material. Em seguida, são estabelecidas as medidas fitossanitárias a serem cumpridas no país de origem para minimizar o risco de introdução de novas pragas no Brasil por meio da importação desse material.
Balanço do Mapa por estado até 6 de outubro:
Santa Catarina – 39
Rio Grande do Sul – 32
Paraná – 32
Rio de Janeiro – 28
Goiás – 18
Mato Grosso – 15
São Paulo – 15
Amapá – 11
Rondônia – 10
Mato Grosso do Sul – 8
Ceará – 7
Minas Gerais – 6
Bahia – 6
Distrito Federal – 6
Pará – 4
Acre – 4
Espírito Santo – 3
Sergipe – 3
Roraima – 3
Alagoas – 2
Paraíba – 2
Pernambuco – 1
Piauí – 1
Tocantins – 1
Rio Grande do Norte – 1
Amazonas – 0
Maranhão – 0
Total: 258 (Fonte: Folha PE)