O Ministério da Saúde decidiu incluir todas as gestantes e puérperas (até 45 dias do pós-parto) no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. A medida consta de uma nota técnica da pasta divulgada aos estados e municípios.
Até então, a vacina era indicada apenas para as grávidas que tinham doenças preexistentes ou estavam em algum outro grupo previsto para receber a vacina (como trabalhadores de saúde, entre outros) após avaliação de riscos e benefícios com o médico.
A estimativa é que existam hoje cerca de 3 milhões de gestantes e puérperas no país. O documento do ministério não cita data específica, mas estima que a oferta da primeira dose ocorrerá até o final de maio.
Na nota técnica, a pasta diz que a decisão pela inclusão das gestantes na campanha de vacinação considerou possíveis riscos e benefícios, a situação epidemiológica do país e dados que apontam aumento no risco de hospitalização de pacientes com Covid neste grupo.
O ministério afirma também que, ainda que a segurança e eficácia das vacinas contra a Covid não tenham sido avaliadas em gestantes, vacinas de plataformas de vírus inativado (como é o caso da Coronavac) já são utilizadas por esse grupo de mulheres no Calendário Nacional de Vacinação, e levantamento feito pela pasta em recomendações nacionais e internacionais apontou parecer favorável à imunização.
“Considerando ainda o momento pandêmico atual no Brasil com elevada circulação do Sars-CoV-2 e aumento no número de óbitos maternos pela Covid-19, ficou entendido que, neste momento, é altamente provável que o perfil de risco versus benefício na vacinação das gestantes seja favorável”, informa a nota, que cita análises por câmaras técnicas para a decisão.
“Portanto, o Programa Nacional de Imunizações (…), decidiu por recomendar a vacinação contra a Covid-19 de todas as gestantes e puérperas e incluí-las nos grupos prioritários para vacinação”, completa.
Ainda segundo a pasta, a vacinação das gestantes e puérperas deve ocorrer em conjunto com a vacinação de pessoas com comorbidades (como diabetes, hipertensão e outros fatores de risco) e pessoas com deficiência, mas em duas fases.
Na primeira, devem ser vacinadas gestantes e puérperas com comorbidades, independentemente da idade. Já a segunda inclui o restante das gestantes, independentemente de condições preexistentes.
Junto a essas fases, a pasta também traz na nota técnica uma especificação para os demais grupos de deficiência e comorbidades (veja abaixo), os quais devem ser organizados por faixa etária e outros critérios, como o acesso ao BPC (benefício de prestação continuada). Como a Folha mostrou, sem uma diretriz clara, estados estavam adotando critérios diferentes para organizar a vacinação dessa população.
O ministério orienta ainda gestantes com comorbidades a comprovar a situação por meio de exames, relatórios ou receitas médicas.
A vacinação deve ocorrer independentemente da idade gestacional. A nota técnica diz que mulheres puérperas que estejam amamentando devem ser orientadas a não interromper a prática.
Ainda segundo o ministério, a vacinação poderá ser realizada com qualquer vacina de plataforma de vírus inativado (Coronavac, por exemplo), vetor viral (Oxford/AstraZeneca) ou mRNA (Pfizer), respeitando os intervalos recomendados entre as doses.
A pasta também orienta respeitar o intervalo de no mínimo 14 dias entre a aplicação da vacina da gripe e outras indicadas a gestantes e a administração da vacina da Covid-19.