Marido cobra justiça para esposa morta após atendimento tardio: “Ficaram cinco filhos para eu criar”

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(Foto: reprodução)

Daniela Silva de Oliveira teve o parto realizado no Hospital IMIP/Dom Malan (HDM) e três dias depois apresentou tosse e falta de ar. Com a imunidade baixa após a cesariana, logo teve os sintomas agravados. O diagnóstico: Covid 19. Mas o atendimento nas unidades de saúde, segundo o relato feito pelo marido, Leandro Belo da Silva, foi negado. A família acionou o Samu ao perceber a piora no quadro de saúde de Daniela e assim ela foi encaminhada para a UPA de Petrolina onde não foi admitida. Em seguida, a equipe socorrista a encaminhou para o HDM, onde também não conseguiu internamento.

“Minha esposa faleceu no último dia 29, o sepultamento dela ocorreu ontem e quero cobrar por Justiça porque o caso foi muito grave. Negaram atendimento na UPA, no IMIP barraram e recusaram o atendimento para ela. Ela nem saiu da [ambulância do] Samu. Houve a troca de ambulância, não houve oxigênio suficiente e barraram ela e não atenderam”, relatou Leandro em entrevista ao Nossa Voz desta quinta-feira (01).

Enquanto aguardava a paciente aguardava em frente ao Dom Malan, saiu a regulação para o Hospital de Campanha no Monte Carmelo. Porém, já era tarde. “Quando chegou no IMIP perceberam que esta estava ficando grave e ligaram para o Hospital de Campanha, no Monte Carmelo, onde ela foi entubada e já chegou lá, o médico falou, com 5% de vida. Sem condição nenhuma”.

Leandro suspeita que a esposa contraiu a covid 19 ainda durante o internamento no HDM. “Eu creio que ela pegou no hospital do IMIP. Logo que saiu de lá, em três dias, já apresentou tosse, cansaço. Eu quero justiça e saber de seja quem for porque isso foi muito horrível. Estamos todos abalados na minha família. Ficaram cinco filhos para eu criar”, completou.

Inclusive há uma campanha para auxiliar nos cuidados com o órfão recém-nascido. Daniel precisa de fraldas, leite tipo NAN 1 Supreme, roupinhas. Também há o pedido de alimentos para os irmãos mais velhos que tem idades entre 02 e 14 anos. As doações podem ser feitas via depósito ou transferência para a conta poupança em nome de Leandro Belo da Silva utilizando os seguintes dados:Agência: 0812 (op.13), Conta Poupança: 14196-4 – Caixa Econômica Federal, Titular: Leandro Belo da Silva

A assessoria de comunicação da UPA encaminhou nota ao Nossa Voz alegando alta demanda no dia em que ocorreu o fato. “A coordenação da UPA 24h de Petrolina informa que o serviço, desde o início da pandemia da Covid-19, vem cumprindo seu papel na assistência aos pacientes suspeitos ou confirmados para o novo coronavírus, mantendo as escalas profissionais e o abastecimento de medicamentos e insumos para realização dos atendimentos. Em relação ao caso citado, devido aos atendimentos de casos graves naquele dia, a orientação foi transferir a paciente para outro serviço de referência. Ressalta-se que em nenhum momento a paciente ficou sem assistência, já que a ambulância do SAMU dispõe de oxigênio e profissionais de saúde capacitados para fazer o manejo clínico de pacientes suspeitos ou confirmados para a Covid-19. Por fim, a UPA solidariza-se com a família e afirma estar à disposição para mais esclarecimentos”.

Também foi encaminhada uma nota pela assessoria de comunicação do Hospital Dom Malan onde esclarece não ser responsável pelo atendimento de puérperas. “O Hospital Dom Malan informa que a paciente Daniela Silva de Oliveira realizou sim o PCR em Tempo Real (qPCR) no dia 06 de junho, como manda o protocolo do serviço. O resultado foi divulgado no dia 11 de junho pela Fiocruz Ceará: Não detectado. A paciente nesse meio tempo teve alta no dia 07, sem apresentar sintomas gripais, respiratórios ou complicações do parto. Em tempo, o HDM esclarece que não é referência para o atendimento clínico geral, por isso as puérperas são encaminhadas aos serviços de referência correspondentes dentro da rede”.