Marília Arraes acredita em candidatura ao governo e descarta Paulo Câmara na vice de Lula: “O que acrescentaria?”

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(Foto: Davi Mendonça/NV/GRFM)

Aguardada com muita expectativa nos bastidores da política, a visita do ex-presidente Lula (PT) a Pernambuco aparentemente não afeta os planos da deputada federal Marília Arraes (PT). Em entrevista ao Nossa Voz desta quarta-feira (07), a petista fez questão de delimitar que a aliança prevista com o PSB será feita no âmbito nacional, em reconhecimento às peculiaridades relacionadas ao cenário eleitoral do Estado. Seguindo a máxima do filósofo italiano, Nicolau Maquiavel, que afirmava que os fins justificam os meios, Marília aposta que alianças até mesmo com partidos de Centro-Direita valem apena para derrotar Bolsonaro nas eleições do próximo ano, desde que Lula esteja encabeçando o projeto.

“Não é novidade para ninguém que eu faço oposição ao PSB, mas a gente tem que reconhecer a necessidade nacional de haver uma frente contra Bolsonaro”, reforçou.

Segundo a deputada, diferente do que ocorreu em 2018, Lula tem consciência de que não precisa de uma legenda intermediando o seu contato com o eleitorado, o que a livraria de apoiar o projeto do PSB no 2022. “É importante que o presidente Lula construa alianças para nacionalmente derrotar Bolsonaro. Aqui em Pernambuco o ele não precisa de palanque, ele é o palanque, ele é o grande eleitor de Pernambuco. Lula tem perto de 70% de intenções de votos dos pernambucanos, cerca de 60% do povo de Pernambuco diz que vota no candidato do presidente Lula, ou seja, é definidor da eleição. E para estar aqui ele não precisa do PSB ou de qualquer outro partido para chegar até as pessoas”.

Diante disso, Maria encara com naturalidade um diálogo entre Lula e Paulo Câmara, negando sentir-se ameaçada quanto as consequências desse diálogo. “É uma questão nacional, o presidente Lula está organizando uma vinda para cá e precisamos tratar com naturalidade. Mas, ele tem consciência também que cada Estado tem as suas peculiaridades da política local, como cada município, cada região de Pernambuco tem as peculiaridades da política local”.

Questionada se apoiaria a chama com Paulo Câmara como vice de Lula, a petista revela nem considerar tal cenário. “Posso estar enganada, mas nacionalmente, a gente lá em Brasília, em outras conversas, nunca ouvimos falar dessa possibilidade de Paulo Câmara ser o vice. Até por que, o que acrescentaria, se Lula aqui no Nordeste Lula já é maioria, já majoritário? A gente precisa como vice, uma mulher do Centro-Oeste, do Sudeste. Eu acho que estrategicamente não faria nenhum sentido colocar Paulo Câmara na vice. Agora, que se quer o PBS nacionalmente apoiando o presidente Lula, quer. Do mesmo jeito que a gente quer o PSDB. O presidente Lula esteve com Fernando Henrique. A gente quer o DEM apoiando Lula, a gente quer diversos partidos como o PCdoB, o Psol. A gente quer uma grande frente democrática”.

Candidatura ao Governo do Estado

Fritada em 2018 quando tentou disputar à governadora, Marília Arraes mostrou-se confiante na candidatura própria do Partido dos Trabalhadores ao governo de Pernambuco no próximo ano. Mesmo ciente da prioridade relacionada ao projeto nacional da legenda a qual faz parte, a deputada federal assegurou uma adesão maior entre os integrantes da sigla aqui no Estado do que teve na tentativa anterior.

“Acho que as questões locais em Pernambuco serão tratadas em outro momento. Não é segredo para ninguém que eu defendo uma candidatura própria em Pernambuco. Nosso partido tem capital político, nosso partido tem que fazer essa campanha para o presidente Lula. Não estou isolada nessa tese, inclusive tem outras pessoas que até em 2018 estavam defendendo a aliança, mas que hoje defende a possibilidade de uma candidatura própria. Até porque aqui em Pernambuco, o PSB, quando é conveniente bate em Lula e bate no PT, como foi em 2020”.

Para a parlamentar, as fraturas causadas pela disputa acirrada com João Campos (PSB) pela Prefeitura do Recife desmascarou o modus operandi do PSB no pernambucano. “Fui ao 2° turno, nunca uma mulher tinha ido ao 2° turno, mas foi uma baixaria terrível. Lá no Recife a gente nunca tinha visto uma campanha com tanta baixaria e tudo em cima do antipetismo, antilula e todo esse ódio que tentam trazer para as pessoas. Agora, seis meses depois estão atrás do presidente Lula porque sabem que ele é definidor da eleição em Pernambuco”, sentenciou.