MDB se mantém na base do PSB e Miguel Coelho pode deixar o partido

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Vários encontros com o presidente do diretório estadual do MDB, o deputado federal Raul Henry; debates e argumentações sobre a necessidade da legenda deixar a base de apoio ao governador Paulo Câmara e nada adiantou. O Movimento Democrático Brasileiro segue Frente Popular de Pernambuco, contrariando o projeto político do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB). Desde abril deste ano, Miguel buscou pavimentar a saída do partido da base governista, entretanto, a mudança foi rechaçada pela direção estadual emedebista.

Visivelmente frustrado, Coelho se manifestou através de uma nota compartilhada nas redes sociais.  No texto, o prefeito de Petrolina alfineta a executiva estadual, destacando que a decisão em permanecer na base do PSB foi tomada sem levar em consideração a opinião dos demais filiados. “Sou filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), agremiação política de larga história de luta e posicionamento, que nunca se absteve de seus compromissos com uma sociedade melhor e justa. Encontrei ressonância com inúmeros colegas de partido que também estão insatisfeitos com a falta de rumo que nosso Estado sofre. Contudo, nem a inquietação de nossas lideranças, nem o cansaço das mulheres e homens de nossa terra com o atual estado das coisas, fez nossa direção estadual assumir um compromisso pela mudança urgente. Manteremos com todas as nossas forças e de forma respeitosa o debate pela construção de um novo Pernambuco. Mesmo que a direção estadual de nosso partido tenha decidido manter o MDB onde está, num projeto que nada mais tem a oferecer, apenas a desesperança”.

Apesar de não anunciar (ainda) a saída da legenda, Miguel assegura se manter na oposição ao governo Paulo Câmara, deixando clara a sua participação na construção de uma nova via política, alternativa à gestão socialista. “Lamento profundamente tal decisão. Ao mesmo tempo, respeito a escolha da direção estadual do MDB. Sigo ao lado da esperança de mudança em Pernambuco. Expresso isso com a tranquilidade de saber que o desejo de mudar para melhor não ser apenas meu, e sim de milhões de pernambucanas e pernambucanos ansiosos por um novo tempo. Com este compromisso por um futuro melhor, renovo minha disposição de seguir lutando por um novo Pernambuco. Vamos construir o Pernambuco do futuro com desenvolvimento econômico, inclusão social e com um governo que leve saúde, educação e segurança para todos os cantos do Estado”.

Em 2018, a união dos partidos PTB, PPS, PSDB, DEM, PSC, PRB, PV, PODE, PRTB, PSL, PHS, DC e PMB deu sustentação a candidatura de Armando Monteiro (na época PTB, hoje PSDB) ao governo do estado. Atualmente, três nomes estão em alta para encabeçar a chapa no próximo ano: prefeitos Anderson Ferreira (PL), de Jaboatão dos Guararapes, Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru, e o próprio Miguel Coelho.

Para o gestor de Petrolina, um caminho viável seria a troca do MDB pelo DEM, construindo o caminho de apoio com o presidente do diretório estadual da legenda, o ex-ministro da educação, Mendonça Filho. A legenda possui uma bancada composta por 27 deputados federais, o que assegura um tempo relevante de televisão assim como os recursos oriundos do Fundo Eleitoral, numa eventual candidatura a governador.

Considerando o ranking dos partidos com mais cidades em Pernambuco, atualmente o PSB lidera essa lista com 53 prefeituras. O MDB aparece em segundo com 23. Os outros partidos que venceram os pleitos no estado foram PP (17); PSD e Republicanos (14 cada); Avante e PL (10 cada um); DEM (9); PTB (6); PSDB, PSL e PT (5 cada); PDT e Podemos (3 cada); e Cidadania e Solidariedade (2 cada um).

Assim, outra alternativa seria lutar pelo comando estadual do partido junto à executiva nacional do MDB. A presidência é do deputado, Baleia Rossi, estrategicamente apoiado pelo irmão do prefeito, na eleição da presidência da Câmara Federal, Fernando Filho. Entretanto, vale lembrar que a tentativa de comandar a legenda no estado em 2018, protagonizada pelo pai de Miguel, Fernando Bezerra Coelho foi derrotada a Justiça, por Raul Henry que aliado a Jarbas Vasconcelos, manteve o partido na Frente Popular de Pernambuco.