Mágoas passadas nublam discernimento de vereadores na votação de projeto que beneficia ONG de Petrolina

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Um mal estar ocorrido entre um dos integrantes da ONG Movimento e alguns parlamentares da Câmara Municipal de Petrolina, resultou em algumas divergências entre integrantes da bancada de situação. Apreciado na sessão desta quinta-feira (23) o Projeto de Lei nº 149/2021 que declara de utilidade pública a referida organização não governamental ligada à igreja Verbo da Vida, aflorou mágoas antigas entre alguns vereadores da casa. 

Antes disso, o vereador Diogo Hoffmann, autor do PL, defendeu sua proposta justificando os serviços prestados à comunidade. “Essa ONG foi constituída em junho de 2017 e atua nas áreas da cultura, educação, filantropia e da assistência social. Para que os senhores e o público aqui presente tenham uma dimensão dos trabalhos dessa ONG, somente em 2020 foram distribuídas mais de 22 toneladas de alimentos, mais de 1900 brinquedos. Os voluntários da ONG somaram no total 13 mil horas de voluntariado, assistindo mais de 3 mil famílias. Oito comunidades entre Petrolina e Juazeiro foram atendidas e mais de 60 instituições públicas e privadas foram assistidas pela ONG movimento. Numa ação que misturou cuidados com a pandemia e busca pela ressocialização dos presidiários, a ONG em parceria com os presídios, atuando em conjunto com os detentos produziu mais de 95 mil máscaras distribuindo para instituições públicas e comunidades carentes”. 

Entretanto, o líder do governo, o vereador Ronaldo Silva, deixou claro que votaria contra a medida, assegurando que um dos seus membros não seria merecedor de usufruir os benefícios trazidos pela declaração da organização como de utilidade pública. “Não quero dizer aqui que a entidade não mereça esses benefícios, mas quero dizer que o presidente desta entidade, que é ligada ao pastor de uma igreja que há tão pouco tempo estava aqui excomungando esta casa. Eu só quero dizer e mandar o recado que  chegue aos ouvidos dele que Ronaldo Silva, líder do governo, votou contra. Deixo a bancada à vontade, mas tem que respeitar essa casa”. 

O episódio ao qual Silva se refere é relativo a polêmica instalada na Casa Plínio Amorim, quando um movimento de pastores evangélicos buscava a aprovação do Projeto de Lei que instituía igrejas como prestadoras de serviços essenciais na cidade. Na época um panfleto virtual foi compartilhado nas redes sociais expondo alguns vereadores componentes das comissões responsáveis pela apreciação do PL em plenário. 

“Quando chegou a discussão de colocar as igrejas como serviço essencial ou não, a gente vê o tal, que carrega o nome de pastor, que além de pastor é doutor, passou por uma universidade, não é qualquer um, usar do seu conhecimento didático, de persuasão e desrespeitar um poder… Gostem ou não gostem, eu já disse sou vereador até 31 de dezembro de 2024, quem gostar tem meu respeito, quem me respeitar tem o meu respeito e quem não, aquele recado serve: mordam as costas, mas sou vereador constituído e respeito tudo e todos, mas em nenhum momento, por mais que eu não me identifique com alguns vereadores aqui, eu irei perder meu respeito. Agora, na hora de ser corporativista, Wenderson de Menezes Batista será corporativista”, disparou Wenderson Batista.  

O vereador Osinaldo saiu em defesa do projeto. “Eu quero aqui dizer que o reconhecimento desta casa, não é o pastor Edilson de Lira, que é o pastor do Verbo da Vida não, é a entidade, é a ONG Movimento. Quanto ao pastor Edilson, eu não o vi em nenhum momento ferindo ou desrespeitando os membros deste parlamento. Eu vi o pastor cobrar que nós assumíssemos a nossa responsabilidade em mostrar os nossos votos e pareceres quanto à essencialidade das igrejas, só isso. Para mim nunca foi pressão não. Eu estou aqui para dar resposta à população de Petrolina. Desrespeito eu sofro quando alguém vem me tratar com palavras de baixo calão e mesmo assim eu ainda voto favorável a alguns projetos do vereador. Não fico marcando não. Porque se eu marcasse alguém aqui, teria vereador aqui a quem eu não daria um voto nunca a um projeto dele”.  

Mesmo com a polêmica, o projeto foi aprovado com os votos contrários de Wenderson Batista e Ronaldo Silva.