Raquel Lyra lança pré-candidatura exaltando aliados: “Não acredito em um projeto pessoal de poder”

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Num evento marcado pelo reconhecimento, emoção e comparecimento em massa de diversas lideranças políticas de várias regiões do Estado, Raquel Lyra (PSDB) fez o lançamento oficial de sua pré-candidatura ao Governo de Pernambuco. A ex-prefeita de Caruaru renunciou ao cargo na última quinta-feira (31) deixando a cidade com indicadores socioeconômicos positivos, inclusive na segurança pública, e está apta para a disputa eleitoral que mês a mês se aproxima.

“Que bom ter vivido isso junto com o nosso povo. Em 2016, quando poucos acreditavam que era possível fazer diferente, a gente foi fazer diferente. fomos construir junto com a população uma proposta que pudesse unir a nossa cidade, que pudesse verdadeiramente transformar o chão onde a gente vive. E a gente só faz isso se tivermos a capacidade de fazer juntos, ouvir a dor do outro, nos colocarmos na dor do outro. E foi isso que fez com a gente pudesse estar aqui de cabeça erguida podendo andar em qualquer lugar de Caruaru, quando muitos em suas cidades tem medo, muitos políticos, de chegar aos locais, nas feiras, nos bairros”, afirmou ao público de mais de 5 mil pessoas, de acordo com os organizadores. 

Sem discurso pré-elaborado e com um palanque compartilhado com aliados, Raquel falou com o coração destacando a importância do protagonismo feminino na política, já que foi a primeira mulher a comandar a cidade por dois mandatos – ela foi reeleita em 2020 com mais de 70% dos votos válidos. A ampliação das creches e qualificação profissional das mães caruaruenses, além da inauguração de uma maternidade construída sem recursos do governo do estado, segundo a ex-prefeita, estão entre as ações voltadas para o empoderamento das mulheres naquele município. 

Além da carreira e um currículo que a credencia para a disputa, a pré-candidata fez questão de reconhecer a importância dos integrantes das chapas proporcionais que devem auxiliá-la a alcançar o seu objetivo. 
“O chamado que vem adiante é um chamado de Pernambuco, é um chamado de quem caminhou pelo nosso Estado junto com muitos que estão aqui, encontrando com eles, ou aglutinando eles e aí Armando, faço um agradecimento especial ao seu papel nessa história. Ao seu desprendimento, a sua largueza e grandeza. Em muitas vezes quando nem eu mesma acreditava você dizia que a gente poderia estar neste dia aqui hoje, lançando um projeto de futuro para o nosso estado. Muito obrigada. Obrigada aos pré-candidatos e pré-candidatas a deputados estaduais e federais. A gente conversou e vamos conversar até o último minuto, construindo junto com eles. Isto aqui não é uma aliança de ocasião, de última hora. Isto aqui é uma aliança de propósito. Não estamos aqui para um evento, para uma chuva, mas para fazer a diferença no nosso estado e eu acredito na política como a melhor forma de transformar a vida das pessoas”. 

Ciente da responsabilidade de liderar esse grupo, Lyra reforçou que não está em busca de um projeto pessoal. “Não foi fácil tomar esta decisão, mas a decisão não é só minha. Não se trata de um projeto pessoal. Quantas vezes me pressionaram para me lançar candidata há um ano. Eu sempre disse que não acreditava em um projeto pessoal de poder. Que na situação em que Pernambuco vive hoje, nós precisamos fazer uma construção coletiva, precisamos andar o nosso estado e fomos percorrer mais de 90 cidades conversando com o povo e sentindo as dores das pessoas em cada um desses lugares. Colocando-me no lugar do outro, buscando entender como é que a gente pode, juntos, construir as soluções e os caminhos que Pernambuco precisa”. 

Com críticas contundentes à gestão Paulo Câmara, ela lamentou a morte de Heloísa, criança de seis anos morta por uma bala perdida em Ipojuca. “É certo que Pernambuco vive, talvez, hoje o pior momento da sua história. Os indicadores revelam isto. Mas o que revela de verdade o momento que nós estamos vivendo foi o que aconteceu em Ipojuca esta semana. É fato que uma criança de seis anos, Heloísa, ter sido baleada numa guerra do tráfico que sitiou a cidade e fechou o maior cartão postal de Pernambuco. Isto não aconteceu no dia da bala, aconteceu muito antes. Quantas histórias poderiam ser descritas diferente, Lucinha, se Pernambuco cuidasse do seu povo de um jeito diferente. Não só de Heloísa, mas de Beatriz, de milhares de pessoas, de Glaucimário, que trabalhava comigo, podando a árvore da sua casa numa tarde de sexta-feira, levou uma bala e infelizmente perdeu sua vida”, relembrou. 

“A solução mais fácil é colocar 50 viaturas para resolver o que não tem mais solução. A vida já foi perdida, a vida de Heloísa não volta. Não existe solução fácil para problema difícil. O que existe de verdade em Pernambuco hoje é uma falta de liderança absoluta, de quem está acostumado a colocar os problemas embaixo do tapete, daquele que não coloca foco e luz naquilo que precisa ser resolvido. Muito pelo contrário, coloca propaganda na televisão de um estado que não é o que a gente vive. O estado que a gente vive é o que tem o maior desemprego do Brasil”. 

Além das falhas na segurança, Raquel ainda denunciou que os pernambucanos não possuem nem mesmo condição de nascer ou morrer dignamente. Citando a situação encontrada nas cidades de Ouricuri, Exu, Sertânia, onde “as mulheres entram numa ambulância sem saber onde vão dar a luz”, ela também relembrou que, por falta de equipes da Polícia Científica nesses locais, “o cidadão ou a cidadã morre e vai para petrolina. três ou quatro dias para liberação do corpo”. E disparou: “É sobre este estado que a gente está falando”. 
Mas além das críticas, a pré-candidata ao governo do estado apontou soluções. Segundo Lyra – que revelou estar usando uma roupa produzida no polo têxtil de Caruaru – as áreas produtivas como a fruticultura irrigada, a pequena agricultura, os polos têxtil e gesseiro, a cultura e o turismo acrescentam experiências exitosas para a economia pernambucana.  “Guilherme [Coelho], eu imagino quantas pessoas trabalham na agricultura irrigada, Débora [Almeida], quantas milhares de pessoas trabalham na avicultura do nosso estado, sem o apoio do governo que não nos dá estradas, água, segurança e cobra muito imposto”. 

Por fim, ela voltou a exaltar as representações femininas, que não estão no seu palanque “para cumprir a cota” prevista pela Justiça Eleitoral. Também destacou a importância da sua família, que a apoia incondicionalmente e convocou os aliados a promoverem o debate necessário para a “verdadeira mudança” em Pernambuco.