A Bossa Nova voltou pra casa: Sarau “A Tardinha Cai” celebra João Gilberto em noite mágica em Juazeiro

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Com um anoitecer iluminado por uma imensa lua, nesta terça-feira, 10 de junho, Juazeiro foi brindada com um evento inesquecível. A Praça da Bandeira, em frente à casa onde nasceu o gênio João Gilberto, se transformou em palco, memória e poesia com o sarau “A Tardinha Cai”, uma homenagem aos 94 anos do criador do gênero que revolucionou a música e que até hoje influencia artistas de todas as nacionalidades, a Bossa Nova.

Com as bênçãos de Nossa Senhora das Grotas, cujo hino foi cantado na abertura do evento pelo músico juazeirense Maurício Dias (Mauriçola), amigo da família Gilberto e bossanoveiro de quatro costados, o público lotou o espaço em reverência ao artista que reinventou a música brasileira com sua batida sincopada, seu silêncio cheio de melodia e sua voz que ainda ecoa pelo mundo.

O evento, promovido pela Prefeitura de Juazeiro mediante ação da Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte/Seculte, foi um abraço entre passado e futuro. No palco, os virtuosos músicos Edésio César, Silas França, o jovem talento Guilherme Alves (14 anos), o acordeonista Gel Barbosa, o tenor Carlos Luciano, além de Maurício Dias, emocionaram o público com interpretações à altura da memória do mestre.

A filha mais nova de João Gilberto, Luísa Carolina, filha da artista plástica e ex-esposa do saudoso artista, Claudia Faissol, também subiu ao palco para cantar duas músicas acompanhadas por Silas França. A jovem de 21 anos, que estuda música e, assim como a sobrinha Sofia, está prestes a trilhar o caminho da música sob a inspiração do pai, falecido em 2019.

Mas foi a pequena Sofia Gilberto, neta de João, quem arrancou lágrimas e sorrisos com sua doçura e talento. Cantando clássicos eternizados por João e canções autorais de seu disco de estreia “Garota Bossa Nova, que teve pré-lançamento na cidade natal do avô, Sofia encantou a multidão e fez do sarau um momento histórico. “Quando eu era menor o meu avô disse que eu viesse pra Juazeiro, pois aqui seria recebida como uma princesa. E realmente, durante estes dias eu me senti uma princesa com todos me tratando com muito carinho”, externou a artista mirim.

“Foi como se João estivesse ali, soprando notas no ouvido da neta. Sofia não cantou apenas com a voz, mas com a alma de uma linhagem musical que nasceu em Juazeiro e ganhou o mundo”, disse emocionada Claudia Faissol, ex-esposa do inventor da Bossa Nova. “João dizia que as coisas verdadeiras são as mais simples. Essa noite provou isso. Ver Juazeiro abraçando a memória dele e acolhendo Sofia com tanto amor me tocou profundamente. Ele estaria feliz”, afirmou Maurício Dias.

O prefeito Andrei Gonçalves e o vice-prefeito Tiano Félix acompanharam cada acorde com olhos brilhando de emoção. Ao final, o gestor municipal destacou a importância da noite. “Juazeiro vive um novo tempo. Resgatar essa memória, celebrar nosso filho mais ilustre com tanta sensibilidade e beleza, é também reafirmar nosso compromisso com a cultura como eixo de desenvolvimento, pertencimento e identidade. Essa noite foi poesia viva. João voltou para casa”, afirmou o prefeito Andrei, que ainda anunciou o Festival da Bossa Nova, um evento internacional que colocará Juazeiro definitivamente no posto de Capital da Bossa Nova, previsto para ser realizado em novembro deste ano.

O vice-prefeito de Petrolina, Ricardo Coelhotambém prestigiou o evento, celebrando a união cultural entre as duas margens do São Francisco. Mais do que uma homenagem, o sarau A Tardinha Cai foi um reencontro. Um gesto simbólico de amor à história e à arte que brotou do coração do sertão franciscano para tocar o mundo. E que agora retorna, como quem volta pra casa, com a leveza de uma canção e a grandeza de um legado.

“Esse sarau foi um sopro de beleza, um resgate de identidade. Ver tantas gerações reunidas nesta noite, com nossos artistas locai, mais Sofia e Luísa dando continuidade a esse legado mágico de João Gilberto, emociona e nos dá a certeza de que a cultura é nossa ponte entre passado, presente e futuro”, destacou o superintendente de Cultura, João Leopoldo, que coordenou o evento e estava acompanhado do secretário interino da Seculte, Brejneve Santana.

Texto: Ascom PMJ