“A categoria está cansada, ela está indignada”, diz Rafael Cavalcanti sobre a paralisação das atividade dos policiais civis em Pernambuco

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Os policiais civis de Pernambuco suspenderam as atividades investigativas nas Delegacias e nos institutos, nesta quinta-feira (10). Em entrevista ao programa Nossa Voz, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (SINPOL-PE), Rafael Cavalcanti, contou que a paralisação é contra a precarização nas condições de trabalho e déficit salarial.

Questionado sobre a decisão do desembargador  Cândido J F Saraiva de Moraes , do Tribunal de Justiça de Pernambuco, sobre a ilegalidade da suspensão das atividades  dos policiais, Rafael afirmou ao programa que não houve nenhuma notificação e que a paralisação iria continuar. “Não fomos notificados sobre decisão alguma, obviamente, havendo essa notificação a gente estaria cumprindo. Até então, o Sinpol não está ciente, não sabemos do que se trata e a categoria mantém a movimentação”, contou o policial. 

A adesão a paralisação foi bem aceita pelos militares de todo o estado.  “A categoria toda está unificada, é um processo que a gente vem tentando discutir com o governo do estado desde julho”, afirmou. 

Um dos principais motivos da paralisação está na sobrecarga de funções e na falta de policiais. “Estamos com uma carência de metade do nosso efetivo e isso se acarreta nas investigações que ficam se arrastando nas delegacias, por isso não conseguimos dar soluções a todos esses crimes. Ano passado foram mais de 3 mil homicídios e, grande parte deles, ficarão sem soluções. Consequentemente, continuarão cometendo crimes nas ruas”, contou Cavalcanti.

Para solucionar esse problema dentro dos postos de trabalho, a categoria pede um concurso mais vertiginoso. Rafael questionou que a formação policial é muito demorada. “Foi anunciado um cadastros reservas, mas ainda assim é insuficiente para quantidade do déficit que nós temos. Os concursos para a polícia demoram muito e demoram muito para formar esses policiais, são etapas que se estendem por quase dois anos e a gente tem uma necessidade imediata”, enfatizou. 

Além da falta de efetivos, o militar contou  que o estado paga o pior salário para os policiais civis. “O governo nos ofereceu menos do que a inflação do período, nós estamos há quatro anos sem aumento. Nosso parâmetro tem que ser dos nossos chefes, a gente pede que o fim de carreira de um policial esteja em um nível de um delegado de polícia, ou que o governo tenha a sensibilidade de diminuir esse ponto”, explicou Cavalcanti.