“A Fenagri não pode ser um evento político”, afirmam produtores

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A 28ª edição da Fenagri aconteceu na semana passada, porém, os produtores da região sentiram que a feira perdeu seu foco principal, que é o produtor rural. Eusébio Neves, um dos produtores, expressou sua decepção ao afirmar: “Eu esperava uma feira grandiosa, afinal, são mais de 32 anos de Fenagri. A gente esperava que essa volta fosse para o que realmente interessa a produção, a fruticultura. Porém, vimos stands vazios.”

Ele também criticou a falta de organização na entrada do evento, onde era necessário fazer um cadastro e enfrentar filas enormes. Eusébio sugeriu que o cadastro poderia ter sido feito previamente, para agilizar o acesso das pessoas interessadas em negócios. “Foi uma desorganização na entrada, eu peguei uma fila enorme, porque todos que entravam tinham que fazer um cadastro. Ter que esperar em uma fila para ter acesso a um setor de visitação. Acho que essa questão dos cadastros poderia ter sido feita para as pessoas que tivessem interesse em negócios”, analisou. 

César Libório, Consultor de Manga, por sua vez, destacou a importância de envolver toda a cadeia produtiva da região na Fenagri. Ele ressaltou que é necessário um planejamento e organização adequados para que a feira seja um sucesso. A primeira parte da qual a gente faz uma crítica é em relação à organização. “Essa feira ela tava nas mãos, ValleExport com 35 dias faltando para a realização do evento foi repassado para outra instituição, mas o que a gente fala, que é necessário planejamento e organização do evento e envolver todas as cadeias produtivas. Nós temos aqui produtores de uva, produtores de manga, produtores de acerola, produtores de banana e outras atividades que podem ser envolvidas e muita informação para ser passada ao produtor”, ressaltou. 

César também mencionou que a valorização por parte da organização do evento é essencial e lamentou o fato de não serem procurados para contribuir com a feira. Ele afirmou que, apesar da divulgação, o resultado da feira não foi tão bom quanto o esperado. Nas palestras, houve um bom atrativo, mas é necessário mais para que a Fenagri seja uma feira de peso, digna de Petrolina. “A gente não é procurado. O resultado foi uma feira que teve muita divulgação, mas o resultado em si na feira propriamente não foi muito bom. Nas palestras, eu soube que foi realmente muito bom atrativo, mas é preciso muito mais coisas para que a gente tenha uma feira de peso que Petrolina merece”.

Para o consultor, César Libório a Fenagri não deve ser um evento político. Ele acredita que a feira deve ser voltada para o produtor e que a busca por informações da cadeia produtiva é essencial, para evitar que a feira seja politizada.” A gente tem uma visão diferente da prefeitura ou de um deputado ou qualquer político que tenha essa visão da Fenagri. A Fenagri não pode ser um evento político. A gente fica triste em relação a ser voltado ao produtor, mas a partir do momento que não há uma busca de informação da cadeia produtiva começa a ser politizada”, afirmou. 

Eusébio também mencionou que a feira vem perdendo sua força para firmar grandes negócios na região há algum tempo. Ele esperava que a Fenagri deste ano trouxesse uma programação voltada para Agricultura e Tecnologia, mas sentiu que faltou sensibilidade na proposta da feira. “Antes a gente escutava que era feira de passar horas e não saber se voltaria no dia seguinte, mas a gente viu o stand vazio, dói bastante. Mas, ela já vem de um período de quase de ostracismo, mas vinha uma grande expectativa desse retorno”. 

Ele destacou que a parte de visitação aos workshops foi bem aproveitada, mas faltou atrativos para o público leigo. “Aquela parte de visitação aos workshop foi muito bem aproveitada, mas faltou ali na parte em si de visitação que é o que interessa muito ao público leigo também do negócio. A Fenagri deste ano  foi a parte de Agricultura e Tecnologia em inovação e não apresentou”, desabafou.

Em relação ao retorno do investimento, Eusébio afirmou que ainda não há dados específicos, mas a expectativa foi abaixo do esperado.“ O Balanço Geral ainda não saiu, mas  de imagem formada própria eu vou te dizer porque eu participei de uma rodada de um grande banco que estava lá expondo e nesta noite durante essas duas três rodadas que tivemos não vi nenhum negócio assim fechado, porque ali estava faltando as pessoas que realmente interessava”, pontuou. 

César ressaltou a importância de chamar a cadeia produtiva para participar da feira, como revendas de produtos agrícolas e empresas privadas. “Então assim você percebe também numa feira que é importante falar  não tinha uma revenda de produtos agrícolas de Petrolina, quando você faz uma feira faz um planejamento e não chama essas empresas privadas em reunião para ofertar um pacote dizendo assim, ó, a gente tem isso pra vocês, o valor, a gente quer que vocês forneçam um pacote tecnológico, desde consultores de vendas de produtos ou até mesmo palestrante de fora então as instituições como a universidade tem muito por contribuir, mas as empresas privadas revendas tem muito também ao que oferecer”

Ele também mencionou a falta da presença da Secretaria de Agricultura e da Abrafrutas na Fenagri. Ele acredita que essas instituições têm muito a contribuir para o desenvolvimento do agronegócio na região.“Eu senti falta da secretaria de agricultura, ela não pode estar somente vinculada a construção de poço artesiano, o secretário da agricultura tem que desenvolver a questão do agro e saber o que acontece na cidade”. Além disso, pontuou sobre sua conversa com o presidente da Abrafrutas sobre a feira ‘Estive conversando com o Guilherme, ele falando dessa inovação que nós precisamos dar ao agronegócio do Vale do São Francisco. Trazer a micro a média agroindústria e aproveitamento a indústria de transformação” 

Para César evento não pode ficar vinculado ao turismo, como Hotel e Restaurante, mas ao investimento do agronegócio. “Um ponto que eu acho importante é a visão de negócio da Fenagri, não pode ser atrelada a Hotel e Restaurante, isso é consequência da visita dos produtores e expositores, mas principais o fechamento de negócios”, finalizou.

Para Eusébio a falta da presença da Abrafrutas, instituição que fortalece a agricultura na região por meio de eventos que firmam negócios para a cidade deixou a desejar, principalmente por ser fonte que vem buscando investimentos na cidade “O Guilherme Coelho tem levantado uma bandeira sobre o comércio de frutas para a China e a questão da logística de venda de frutas. Ele vai viajar para China para falar sobre a manga daqui nessa pauta de conversa com os chineses. Nós temos variedades de Mangas chinesas aqui no Vale do São Francisco, o nosso banco genético tem mais de 190 variedades de manga aqui no vale, então, há muito que se explorar ainda para que a gente tenha uma uma próxima Fenagri com mais variedades aqui para mostrar para nossa região”