“A gente ainda está para chegar no período mais difícil”, afirma pesquisador sobre Covid no Vale do São Francisco

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(foto: divulgação Facape)

No Nossa Voz desta terça-feira (30), o Doutor em Economia e professor titular da Facape na área de métodos quantitativos avançados, João Ricardo, fez uma explanação sobre a pesquisa que acompanha o avanço de casos, óbitos por Covid-19 e as variáveis que interferem nesses números. O estudo disponibiliza diariamente um boletim, no site da Facape, que apresenta um recorte temporal desses dados contextualizados.

Pico da pandemia

Segundo o coordenador da pesquisa, Petrolina e Juazeiro ainda estão longe do pico da pandemia. “ Vamos imaginar que seja uma montanha. A gente está, mais ou menos, na metade. (…) A gente ainda tem muito a percorrer. Os modelos matemáticos epidemiológicos mostram que isso deve acontecer na primeira quinzena de agosto”, afirmou João Ricardo.

Considerando que o vírus não se espalhou de maneira uniforme, o professor explicou que, neste momento, o Vale do São Francisco está vivenciando um crescimento elevado de contágio. Por isso, a participação das pessoas é importante e urgente. “A população precisa se conscientizar mais. Ela deu uma relaxada. (…) A gente ainda está para chegar no período mais difícil”, garantiu o coordenador da pesquisa sobre a Covid-19 da Facape.

Subnotificação

João Ricardo também pontuou que existe na região uma subnotificação, já que segundo o pesquisador, a testagem que está sendo feita é insuficiente. “Por mais que se coloque que Petrolina testa mais, mesmo assim, ainda é uma quantidade pequena de testes. Deveria testar os bairros que tem mais casos, deveria fazer mais drive thru”, sugeriu o professor.

Salientando que os estudos apontam que os números oficiais apresentados podem representar apenas 10% dos casos reais, João Ricardo destacou que só com a testagem no Presídio Dr. Edvaldo Gomes, o local concentra mais de 10% dos casos do município, ou seja, a subnotificação é clara.

Reabertura do comércio x aumento de casos

Questionado se a reabertura do comércio de Petrolina e Juazeiro contribuiu para o salto no número de positivados, o pesquisador foi enfático. “Realmente, depois do dia 15 de junho, a velocidade do número de casos acelerou. Se fizer uma análise apressada, você vai atribuir sim. Contudo, no ponto de vista estatístico, os números não mostram isso. Outros fatores levaram para esse crescimento dos casos, como a intensificação dos testes e também tem a questão do processo de interiorização do vírus. O pessoal do comércio não deve levar a culpa. (…) Eu acho que a população precisa ser mais cuidadosa”.

João Ricardo ainda pontuou que o Vale do São Francisco segue em uma situação confortável com a abertura de novos leitos de UTI. Por isso, o lockdown ainda não se faz necessário. “É a última medida quando a gente perde o controle do processo. E nós não perdemos o controle”, assegurou, lembrando que o comportamento da população é o que vai definir quando a pandemia vai acabar.