“A gente tem é a falta de decisão política de fazer água chegar na casa do povo”, diz Raquel sobre a Compesa

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Reclamação constante dos ouvintes do programa Nossa Voz, os serviços prestados pela Compesa em Pernambuco também estão na mira da pré-candidata ao governo de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB). Durante visita que fez a Petrolina, a ex-prefeita de Caruaru criticou a Lei estadual que institui as microrregiões de saneamento e a falta de investimentos nas redes instaladas nos municípios, que em quase todos os locais está obsoleta. 

Segundo Lyra, a companhia é a segunda colocada no ranking dos piores fornecedores de água tratada no Brasil. “A gente tem andado Pernambuco inteiro e o sentimento que eu tinha como prefeita de Caruaru, eleita em 2016 e reeleita em 2020, é o mesmo que Pernambuco inteiro vive. Nós temos a pior empresa de prestação de serviço de saneamento básico, talvez, do Estado e do país. O que tem acontecido? A Compesa tem como seu principal acionista o Estado de Pernambuco e durante esses últimos tempos, não tem conseguido fazer os investimentos para atender a população no acesso a água e no tratamento de esgoto. Não é por outra razão que o estado hoje é o segundo pior do Brasil na entrega de água tratada na torneira da casa do povo. Isso se dá do Litoral ao Sertão. Se falta água na casa das pessoas em Petrolina, onde está às margens do Rio São Francisco, como se falta em Recife, nos morros do Recife, onde tem as barragens que poderiam abastecer essas regiões”. 

A denúncia se torna ainda mais grave em locais onde há recursos disponíveis para implantação dos sistemas de distribuição e mesmo assim o serviço não foi feito. “Em cidades como Santa Cruz da Baixa Verde, que não tem acesso nenhum a água, não tem tubulação  de distribuição, embora tenha um convênio firmado com o governo federal há muito tempo para que essa obra pudesse ser feita. A meu ver o que a gente tem hoje é uma falta de decisão política de fazer água chegar na torneira da casa do povo porque governar é escolher prioridades”, apontou. 

Raquel também revelou que além das redes obsoletas, as cidades ainda se veem obrigadas a manter os contratos deficitários  com a estatal.  “Guilherme [Coelho] já foi prefeito aqui por duas vezes, já foi deputado federal, eu já fui prefeita por duas vezes, a gente tem um contrato, e os contratos de uma maneira geral com a Compesa firmados com os municípios pernambucanos, datam da década de 60, década de 70 do século passado. São contratos que não tem metas claras, genéricos, alguns deles vencidos e assinados agora, renovação de última hora na iminência da aprovação da nova Lei de saneamento básico no Brasil. E se assinou pela pressão que o PSB faz nas cidades. O governo do PSB de Paulo Câmara. Muitos assinaram renovação sem ter um plano de metas como estabelece o novo marco regulatório de saneamento básico que diz que até 2033, 95% do problema de acesso à água precisa estar resolvido no país inteiro”. 

Experiente na gestão pública, ela revela ter enfrentado a situação na tentativa de encerrar a concessão da Compesa, mas foi engolida pela máquina pública estadual. “Eu enfrentei esse problema. O contrato da Compesa com Caruaru venceu no início do ano passado e eu não consegui fazer a licitação porque o Estado faz de tudo. Ele nem resolve o problema dos municípios, como não resolveu o de Petrolina, e nem permite que os municípios resolvam por si só. Ele cria todo tipo de obste, de obstáculo, aprovou uma Lei nas carreiras na Assembleia Legislativa, sem tempo de debate. Priscila estava lá e tentou obstaculizar essa aprovação. Ele dividiu Pernambuco em duas grandes regiões, como se os municípios tivessem capacidade. Caruaru ficou numa região com mais de 120 municípios, é impossível que uma cidade só possa articular 120 para fazer uma licitação e, ao mesmo tempo, embora ele tenha já desenhado uma PPP pelo BNDES, ele também abriu mão disso. Ou seja, hoje o governo do Estado nem resolve e nem permite que  os municípios façam a sua parte”. 

Disposta a mudar essa situação, Raquel Lyra reforçou os planos e prioridades para gerir as políticas de saneamento básico no Estado. “Se eu for governadora de Pernambuco a partir de 2023, água será prioridade e eu não vou descansar enquanto a gente não tiver água, assim como Osvaldo Coelho fez, enquanto a gente não tiver água na torneira da casa do povo, não vamos descansar e isso carece de capacidade de trabalho, articulação, estratégia e saber tirar projeto do papel. Está muito longe de ser discurso, precisa ser prática na realidade da vida do povo”. 

Ela ainda relembra os problemas relacionados ao tratamento de esgoto e lamentou a poluição do rios pernambucanos. “E também tratamento de esgoto, porque a gente tem péssimas condições de tratamento de esgoto em Pernambuco. O Rio Ipojuca, que passa por Caruaru, por exemplo, é o terceiro rio mais poluído do Brasil. A gente vai às margens dos rios do Recife e da Região Metropolitana, estão totalmente poluídos inclusive da água que sai da estação de tratamento de esgoto. Isso com teste feito de baixa qualidade da efetividade do tratamento de esgoto em Pernambuco. É colocar como prioridade o povo ter acesso a água para beber, se banhar, para desenvolver Pernambuco. É impossível que o Estado cresça e se desenvolva sem acesso à água para irrigação, para produção e para permitir que a gente possa viver com dignidade”,  assegurou.