A saída de Ronaldo Silva da bancada de situação não aconteceu de forma repentina e aleatória. Em entrevista ao Nossa Voz desta segunda-feira (30), o vereador relatou os percalços na relação com o grupo do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que culminou no rompimento anunciado durante a sessão desta quinta-feira (26), na Câmara Municipal de Petrolina.
Para Silva, tudo começou com a falta de reconhecimento ao grande gesto feito pelo seu aliado político, Guilherme Coelho, na eleição municipal em 2016. “Essa decisão de juntar a família, lá atrás, a gente sabia de tudo que aconteceu no passado e mesmo assim nos juntamos. Acho que foi o momento mais especial e mais importante da vida do ex-prefeito Miguel Coelho, foi a junção do grupo de Osvaldo Coelho, de Guilherme Coelho, com ele, que proporcionou a vitória dele a prefeito. Foi tanto que hoje ele é candidato a governador de Pernambuco, agradeça a essa força e a essa luta que o nosso grupo, o grupo de Osvaldo Coelho e de Guilherme Coelho, proporcionou naquele momento”.
Segundo Ronaldo, era de conhecimento de todos os aliados da época o desejo de Guilherme em concorrer a deputado federal. O projeto foi adiado em 2018, entretanto, este ano, diante da urgência de ações voltadas para o agricultor pernambucano, inevitável ter o ex-deputado de volta ao cenário político. “Foi passando o tempo e a gente via indiferença com o grupo nosso, principalmente com Guilherme. E a gente sabe que ele tem o sonho de voltar à Brasília. Os dois anos que passou lá fez muito por Petrolina, por Pernambuco. Então é a necessidade do povo do Vale do São Francisco, do estado, ter um representante do agro. Todos os deputados de Pernambuco são trabalhadores, mas ninguém ergueu a bandeira da agricultura, do agro. E Petrolina vive disso, o Vale do São Francisco todo”.
O rompimento com o grupo de Miguel Coelho entretanto só se concretizou após a recusa de Guilherme Coelho ceder à exigência de trocar o PSDB pelo União Brasil. “A gente conhece Guilherme Coelho, a gente conheceu Osvaldo Coelho. São pessoas que andam no trilho certo, não tem esse negócio de mudar de partido para se dar bem não. Guilherme tem 60 anos e só teve dois partidos na vida dele que foi o PFL e o PSDB”, apontou, relembrando o reconhecimento do aliado à legenda que o ajudou a ser vice-prefeito de Petrolina, deputado por dois anos assumindo a vaga de Bruno Araújo que foi ministro das Cidades na gestão de Michel Temer e suplente de senador.
“Por que Guilherme vai sair do partido em que ele tem uma história, faz parte do diretório estadual, tem uma grande credibilidade? É por isso que ele tem credibilidade em Pernambuco e no Brasil todo porque tem a postura dele. Eu sou da União Brasil , estou no PFL desde a época de Osvaldo Coelho. Eu não saí de lugar nenhum, Guilherme não saiu para lugar nenhum, está no mesmo canto. Tem esses puxa-saco de plantão que fica dizendo que traímos. Mas o que é trairagem aí? Porque não estou entendendo. A gente não saiu do mesmo canto onde estava”, rebateu aos comentários que cercaram sua saída da bancada de situação.
Depois que Guilherme Coelho permaneceu no mesmo partido de Raquel Lyra, Ronaldo percebeu que não era mais bem quisto no grupo de Miguel. “A gente percebe. Eu tenho 50 anos e não sou menino, eu vivo na política há mais de 20 anos. Eu conheço quando você é bem vindo, quando eu chego na sua casa eu sei se você me recebe bem ou não”. Aliado a isso, estava a fiscalização dos festejos juninos na cidade. “Chegou a ponto crucial que foi a questão do São João de Petrolina. Já tinha essa fissura e o motivo foi porque eu estava fiscalizando o São João da exploração, porque não existe o que está acontecendo na nossa cidade nesse São João de Petrolina. A gota d’água foi isso aí”.
Sobre integrar a mesma bancada com o vereador Gilmar Santos (PT) com quem teve alguns embates, Silva explicou. “Sempre tive o respeito deles e sempre conversei com todos. A gente teve os embates, eu com o Gilmar. Aí podem questionar porque Ronaldo se juntou com Gilmar, mas eu sou vereador de Petrolina. Tem duas linhas, oposição e situação. Eu não posso ser independente porque sozinho não vou resolver nada. Tenho estar junto com alguém, com o grupo e o time agora é da oposição”.