Na manhã desta terça-feira (29), o programa Nossa Voz entrevistou Alessandra Bonfim, mãe da menina Ashila Gabriele Bonfim Mendes, que foi brutalmente assassinada em julho de 2023. O crime, que transtornou a cidade de Juazeiro, ocorreu na noite de 11 de julho, no bairro Jardim Flórida, quando a criança foi sequestrada e posteriormente assassinada por Thiago Ferreira, ex-namorado da mãe.
Alessandra relatou que o crime foi motivado pela recusa da mãe em retomar o relacionamento com Thiago, que não aceitava o fim da relação. O acusado foi preso no dia seguinte e confessou o crime, informando à polícia que, ao se dirigir a uma lanchonete, pediu uma faca emprestada a um catador de reciclagem. Durante a prisão, a polícia encontrou um capacete com marcas de sangue em posse de Thiago.
Com um histórico de violência, Thiago Ferreira já havia sido preso anteriormente por tentativa de feminicídio em Juazeiro, em 2017. O julgamento do caso está agendado para quinta-feira (31) no Fórum Conselheiro Luiz Viana Filho, em Juazeiro.
Alessandra, em um desabafo emocional, declarou: “Hoje eu vim aqui reforçar para que a sociedade venha punir esse assassino com a pena máxima. Ele fez com minha filha, uma criança inocente, algo totalmente cruel. Já vi ameaças do acusado, durante 20 dias fui ameaçada por ele. Ele dizia que se eu não voltasse com ele, ele faria minha família chorar. Ele premeditou algo contra os meus filhos. Não convivi com ele por muito tempo, foi um namoro de apenas quatro meses, mas mesmo assim ele não aceitou o fim. As pessoas me alertaram sobre ele, já tinha tentado tirar a vida do filho da ex-mulher.”
A mãe de Ashila revelou que no dia do crime, sua filha estava na porta de casa quando Thiago a chamou. “Ele a levou por 20 minutos antes de cometer o ato. Depois, jogou o corpo dela em um terreno baldio, no lixão. Ele confessou tudo”, afirmou Alessandra.
Alessandra destacou a profundidade da dor causada pela perda de sua filha. “Após a morte da minha filha, nossa família nunca mais foi a mesma. Ele arrancou de mim a coisa mais preciosa. Hoje, posso dizer que não vivo, apenas sobrevivo. Ele destruiu minha vida, tirando de mim minha filha.”
As expectativas da família em relação ao julgamento são elevadas. “A pena deve ser a máxima, pois ele tirou a vida de uma criança de 9 anos de maneira brutal. Não havia defesa. Ele precisa ser punido”, afirmou Alessandra.
Sobre o processo legal, Alessandra explicou: “Os advogados informaram que a pena pode chegar a 75 anos, mas sabemos que ele pode cumprir apenas 40 anos devido a brechas na lei, podendo até obter a liberdade condicional. Isso nos causa angústia.”
Em um contexto semelhante, Lucinha Mota, mãe da menina Beatriz Angélica Mota Ferreira da Silva, que foi assassinada em 2015 em Petrolina, também se pronunciou sobre a situação das crianças na região. “Infelizmente, nossas crianças, nossos jovens e adolescentes têm sido vítimas de crimes cruéis e bárbaros aqui em Petrolina e Juazeiro. Todo dia, temos uma notícia de que uma criança ou jovem foi assassinado de forma cruel”, lamentou Lucinha.
Lucinha ressaltou a necessidade de uma investigação eficiente e a importância do papel das instituições. “Esperamos que haja uma investigação célere, que todas as técnicas estejam à disposição para identificar a autoria e a motivação. É crucial que o Ministério Público participe ativamente, fazendo as reivindicações necessárias”, afirmou. Ela também criticou a lentidão do sistema judicial, que pode permitir que casos se prolonguem por anos, frustrando as famílias das vítimas.
Sobre a perspectiva de justiça, Lucinha disse: “Acredito que o júri popular fará justiça. O caso de Ashila é outro exemplo de como a impunidade pode reinar. É preciso que haja celeridade nos processos, pois o que queremos é um inquérito justo que possa intimidar pessoas tão covardes a não cometer mais esse tipo de crime.”
Lucinha também comentou sobre a importância da transparência nos julgamentos. “O júri é aberto e público, as pessoas podem acompanhar. Mas temos limitações de espaço. Esperamos que as instituições garantam justiça e que os criminosos recebam as penas adequadas.”
O Ministério Público da Bahia (MPBA), por meio do Promotor de Justiça Raimundo Moinhos, apresentou uma denúncia contra Thiago Ferreira Santos, conhecido como “Raio X”, por homicídio qualificado. Segundo informações obtidas pelo PNB, que teve acesso ao documento da denúncia.
No texto, o promotor afirma que Thiago, “impelido por motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante emboscada, impossibilitou a defesa da vítima, ceifando a vida da criança com golpes de arma branca”.
A denúncia detalha que “o atacante levou a pequenina a um local afastado e, sem clemência ou piedade, de forma bárbara, tirou a breve existência de Ashila, desferindo inúmeros golpes de arma branca”. Também é destacado que, durante as investigações, ficou evidente que Thiago não aceitava o término do relacionamento com a mãe da criança, o que o levou a planejar o assassinato da filha como forma de vingança, causando dor irreparável à família.
Adicionalmente, a denúncia menciona que, durante o interrogatório, “o denunciado confessou expressamente ter matado a vítima e relatou já ter sido preso anteriormente por esfaquear uma ex-companheira, evidenciando sua conduta delitiva e a repetição do modus operandi ao utilizar armas brancas”.
Testemunhas afirmaram que, na manhã da prisão em flagrante, Thiago demonstrou grande tranquilidade, evidenciando a ausência de remorso e a frieza com que agiu.