“A tabela salarial está tão defasada que teremos pisos abaixo do mínimo em 2025”, diz Kairon Sampaio sobre greve dos técnicos administrativos da Univasf

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A greve dos técnicos administrativos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em Petrolina já dura mais de dois meses e segue ganhando força em todo o país. A paralisação envolve mais de 60 universidades e 560 unidades e institutos federais, reivindicando não apenas a recomposição salarial, mas também a reestruturação das carreiras e a recomposição dos orçamentos das instituições.

Em entrevista ao programa Nossa Voz da Rádio Grande Rio FM, Kairon Sampaio, arquiteto e urbanista da Univasf e representante do comando de greve, falou sobre o andamento das negociações com o governo federal.

” Estamos há mais de dois meses em uma greve geral, motivada pelos sindicatos Fasubra e Sinasefe. Na Univasf, a greve completou um mês no dia 29 de maio. A última mesa de negociação foi há 15 dias, em 19 de abril, com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI), representado pelo secretário Feijóo, e a base sindical. A proposta apresentada pelo governo foi decepcionante, muito abaixo do esperado,” afirmou Sampaio.

Ele explicou que o governo modificou a proposta para 2026 de um aumento de 4,5% para 5%, mas isso ainda está muito longe do necessário. “Estamos buscando recuperar perdas acumuladas de 34% desde 2016. A proposta do governo está muito aquém disso. Fizemos uma contraproposta solicitando 4% de aumento este ano, 9% em 2025 e 9% em 2026. Nossa maior indignação é sair deste ano sem nenhum reajuste, enquanto outras carreiras do executivo obtiveram aumentos,” destacou.

Sampaio alertou para a defasagem salarial que poderá resultar em pisos abaixo do mínimo em 2025: “A tabela salarial está tão defasada que as classes de nível fundamental A e B poderão ter salários abaixo do mínimo, o que é inconstitucional.”

Sobre o impacto da paralisação em Petrolina e Juazeiro, Sampaio esclareceu que apenas serviços emergenciais estão funcionando. “Serviços não essenciais estão parados. A greve tem ganhado adesão dos servidores. As únicas atividades em andamento são aquelas relacionadas a dinheiro público já aplicado e cuidados com animais. As atividades acadêmicas não foram afetadas até o momento, mas a expedição de diplomas e históricos pode ser prejudicada,” explicou.

Kairon Sampaio também anunciou um ato unificado: “Na segunda-feira, às 9 horas da manhã, no Bambuzinho em Petrolina, haverá uma aula pública. Precisamos do apoio da população para mostrar como o governo está tratando a educação. É crucial que a sociedade compreenda a importância dessa luta e se una a nós.”

A greve dos técnicos administrativos da Univasf e de outras instituições federais continua sem previsão de término, enquanto as negociações seguem em curso.