Em entrevista ao Nossa Voz, nesta quarta-feira (11), o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, destacou o impacto positivo dos recentes avanços nas relações comerciais entre o Mercosul e a União Europeia, bem como a abertura do mercado chinês para a exportação de uvas.
“Nos últimos 15 dias, tivemos duas grandes notícias para comemorar. A primeira foi amplamente divulgada: a abertura do mercado chinês para a uva, uma luta antiga que finalmente alcançamos. Hoje, exportamos muito para a Europa, Estados Unidos e Reino Unido, mas sempre entendemos que era necessário chegar à Ásia, especialmente à China. Para isso, fui à China três vezes nos últimos dois anos. Recentemente, com a visita do presidente da China ao Brasil, foi anunciado o acordo. Agora, vamos nos organizar para participar de eventos como a Fruit Attraction Asia e estreitar laços com importadores asiáticos”, disse Coelho.
Sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, Coelho destacou o avanço na redução de tarifas para frutas. “Esse acordo é resultado de negociações que começaram há mais de 20 anos. Ele prevê a redução gradual de tarifas para diversos produtos. Por exemplo, o imposto sobre a uva será zerado imediatamente, o que coloca nossa fruticultura em pé de igualdade com concorrentes como Chile e Peru, que já não pagam impostos. Outras frutas, como melancia e melão, terão impostos reduzidos ao longo dos próximos sete anos, enquanto o limão, que hoje paga 14%, terá tarifa zero no mesmo período. Isso representa um ganho significativo para o setor no Vale do São Francisco.”
O presidente da Abrafrutas também destacou a importância das feiras internacionais e o trabalho da entidade na promoção do setor. “A primeira edição da Fruit Attraction São Paulo, em abril deste ano, foi um sucesso. Já estamos confirmados para a segunda edição, que ocorrerá em março de 2025, e teremos o dobro de estandes. Além disso, estamos focados em atrair importadores da China para conhecerem o Vale do São Francisco e nossas operações. Isso será um grande impulso para nossa fruticultura.”
Coelho ressaltou ainda os desafios enfrentados pelo setor, como a harmonização de normas fitossanitárias e a escassez de mão de obra. “As exigências sanitárias são rigorosas e demandam tempo, mas o Brasil está preparado. Por outro lado, enfrentamos um colapso de mão de obra. Temos trabalhado para aprovar projetos de lei que permitam maior flexibilidade para trabalhadores em programas sociais exercerem atividades formais sem perderem os benefícios. Esse é um ponto crucial para o crescimento do país e do setor.”
O acordo entre Mercosul e União Europeia ainda precisa passar por etapas de revisão jurídica, tradução para 20 idiomas e aprovação nos parlamentos dos países envolvidos. Coelho acredita que ele estará em vigor até o final de 2024. “Esse acordo não beneficia apenas a fruticultura. Ele é amplo, abrange outros setores e busca zerar tarifas ou ampliar cotas de exportação. Estamos confiantes de que ele trará muitos benefícios para o Brasil e, em especial, para o Vale do São Francisco.”