O programa Nossa Voz desta segunda-feira (10) recebeu o professor Télio Nobre Leite para falar sobre as prioridades para a gestão da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf). Nomeado como reitor da instituição semana passada, Télio vive um momento de felicidade após esperar três anos para assumir o cargo.
“Foi uma luta muito difícil, custou pra gente muita energia, mas a gente finalmente conseguiu vencer todas as barreiras, todos os obstáculos. Tivemos a grata surpresa, na véspera da Páscoa da semana santa, receber essa nomeação do presidente Lula, ele honrou o compromisso que assumiu assim que tomou posse como presidente da República, que iria respeitar o desejo da comunidade, que era algo que a gente vinha sempre cobrando do governo anterior não havia esse compromisso. Um terço dos reitores hoje nas universidades não foram aqueles que a comunidade escolheu, mas felizmente nós estamos aqui vivendo um novo período e que a democracia interna da nossa instituição foi respeitada”, afirmou.
Parceria com Julianelli Tolentino
“Assim que o professor Julianelli tomou posse como reitor pro tempore agora em janeiro, é preciso que eu faça esse agradecimento público a ele, pelo compromisso que ele assumiu de tratar de toda a questão burocrática e política para acelerar o nosso processo de nomeação, a me manter sempre informado e alinhado com as questões administrativas. (…) A gente tinha uma série de preocupações com relação à continuidade de uma série de contratos que são essenciais e ele montou uma equipe de transição, uma equipe temporária para organizar tudo isso”, destacou.
Situação financeira da Univasf
Télio afirmou que está tentando agendar com o Ministério da Educação a posse para começar o mandato de quatro anos e que tem acompanhado a situação da universidade. “Desde 2015 a gente vem passando por um processo de estrangulamento financeiro, tendo muitas dificuldades.(…) O principal desafio de 2023 é a recomposição orçamentária pra que a gente possa retomar a qualidade dos serviços que a universidade presta a essa região”, disse.
Restaurantes universitários
O novo reitor informou que há uma insatisfação com o aumento do preço da refeição nos três restaurantes universitários após a reabertura semana passada. “Foi uma licitação que o professor Julianelli já pegou em andamento, e entre interromper essa licitação e começar de novo sem a garantia de que ia ter uma refeição mais em conta e ficar aí talvez seis meses sem restaurante, isso aí era impensável, então a gente, pensando nos estudantes mais necessitados, a equipe fez a opção de reabrir o restaurante, mesmo com esse contrato a R$ 16. Em tese, foi resolvido, entretanto a gente precisa ampliar o número de estudantes assistidos para que eles possam ter refeições subsidiárias, é um dos primeiros compromissos que eu quero assumir agora, isso vai depender de recursos financeiros, mas é prioritário”, explicou.
Transporte para o Campus de Ciências Agrárias
O reitor declarou ainda que a assistência estudantil será prioridade em sua gestão e enfatizou a preocupação com o transporte para Campo de Ciências Agrárias. “É um gargalo que existe há mais de anos, é uma dificuldade realmente, e a universidade, até por conta dessa questão orçamentária, não tem mais condições de ampliar a frota e a gente tem que conviver com a frota que está aí, uma frota que já é antiga. O pró-reitor de Assistência Estudantil, professor Clébio, tem me relatado que quase diariamente os ônibus têm quebrado”.
“A gente precisa de fato começar a passar esse serviço para concessão ou pro próprio município conseguir suprir essa demanda. Eu sei que não é simples, não é de uma hora para outra, é uma demanda que a gente tem, porque de fato, não é papel da universidade fazer o transporte. Nós temos praticamente uma empresa de ônibus, 10 ônibus, 15 motoristas em torno, então a universidade termina drenando o recurso que poderia ser para uma outra ação para incluir mais estudantes. Tem uma questão operacional que é muito difícil, a universidade não tá preparada, a gente espera esse diálogo com a prefeitura de Petrolina para especificamente, o campo de ciências, a gente conseguir ter pelo menos uma alternativa e uma das soluções que a gente pensou é um sistema um pouco híbrido, aqueles horários que talvez não fossem os horários economicamente mais viável, a universidade poderia entrar, mas aí em outros horários, uma concessão pública do município pudesse atender a essa demanda”.
Manutenção dos prédios
Télio destacou também a necessidade de recursos para a estrutura dos prédios deteriorados da universidade. “Os contratos de manutenção, tanto predial, como de ar condicionado, como de bens móveis, sofreram redução ou foram descontinuados”.
“Eu tive visitando nossa Clínica Veterinária que sofreu bastante com as chuvas e a situação lá é bastante crítica, então nosso Campus de Ciências Agrárias tem um histórico de situações difíceis, principalmente com relação à cobertura de nossos prédios, que não foram as mais adequadas, elas não são muito apropriadas quando o período de chuva”.
“Eu tô dando aula, semestre passado, em sala sem ar condicionado, que o ar condicionado não tava funcionando, eu vou dar aula hoje duas horas da tarde, a sala não tem o ar condicionado funcionando, é preocupante, a gente precisa priorizar isso, para que a gente consiga dar o mesmo conforto, aqui ar condicionado não é item de luxo, principalmente em alguns horários, você fica realmente sufocando, imagine para os estudantes que tem que ficar prestando atenção ali na nossa aula”.
“A gente teve como vice-reitor da universidade durante oito anos. Às vezes a gente não consegue atender a demanda imediatamente, mas é manter o diálogo. (…) A gente pretende priorizar e principalmente manter essa transparência, esse diálogo com a comunidade universitária para que ela fique sabendo que está acontecendo de fato na universidade e sabendo das nossas decisões”, salientou.
Cotas
Ao ser questionado sobre a permanência da política de cotas para os estudantes do Sertão na universidade, Telio enfatizou que o processo de inclusão precisa ser fortalecido e aperfeiçoado. “Eu tinha uma opinião contrária até mais ou menos 2016, quando eu fiz uma revisão da minha posição. Eu acho que o Bônus Regional beneficia de fato um processo de consolidação de profissionais qualificados aqui na nossa região. É um debate, esse tema ainda é controverso dentro da instituição. Eu lamento um pouco a forma como ele foi implementado, que terminou excluindo os estudantes de escola pública que, ou ele optava pela cota da escola pública ou cota racial, ele não puder ter somado a questão da bonificação Regional, mas é de fato acho que é um processo que sofreu aperfeiçoamento recente do Conselho Universitário e é um processo que a gente deve tá sempre acompanhando e avaliando”, pontuou.
Calendário Acadêmico
Com a pandemia, a universidade sofreu impacto no calendário acadêmico, e verifica as consequências na evasão, na retenção e na atualização do calendário acadêmico. “O aluno que tá comemorando a aprovação no Sisu agora para a Univasf só vai entrar na universidade em 2024, algumas vezes no segundo semestre 2024, se a gente não conseguir corrigir esse calendário, isso reflexo do processo de pandemia e também nas nossas escolhas com relação a volta às aulas”.
“Eu tô dando aula agora para os calouros, quando você vê, às vezes um terço da turma nem aparece mais porque passou um ano, um ano e meio, às vezes já se colocarem em outra instituição e não tem mais interesse na universidade, então, a gente precisa de fato resolver essa questão do nosso calendário acadêmico urgente”, destacou.
Hospital Universitário
Télio informou que Julianelli está convidado para a superintendência do Hospital Universitário e que a estrutura do prédio precisa ser ampliada. “A gente teve um ganho quando incorporou ao hospital a nossa Policlínica, o prédio lá, quando a gente pôde inaugurar em 2017, mas a gente precisa ampliar aquele hospital, é um desafio grande, o presidente da Ebserh sabe que a gente vai demandar uma ampliação do nosso quadro de de profissionais”.
O professor informou que existe uma negociação antiga para a incorporação do Campus Paulo Afonso ao hospital Nair Alves de Souza. “Tem muito paciente daquela região ali de Paulo Afonso que vem aqui pra Petrolina e a gente conseguindo também a incorporação e ampliação da estrutura lá a gente consegue também ajudar aqui”.
Oferta de cursos
Télio informou que vai submeter à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) novas propostas de cursos de pós-graduação de mestrado e doutorado, que apresentam demanda crescente e cursos de educação à distância.”Nosso programa nosso plano de desenvolvimento institucional prevê essa ampliação. Eu só não posso me comprometer com cronograma, com prazos, mas sim, é uma demanda além da demanda que a gente já vem construindo, das expansões mais recentes e consolidá-las, não só aqui em Salgueiro, em Pernambuco, como também em São Raimundo Nonato, no Piauí, Senhor do Bonfim, que tiveram expansão de cursos de graduação recentes e a gente precisa ampliar infraestrutura física desses campus para poder dar conta de oferecer cursos de maior qualidade”
Télio informou que, além da cerimônia formal da posse como reitor em Brasília, haverá um ato simbólico de comemoração em Petrolina. “Agora é arregaçar as mangas e trabalhar bastante para a Univasf que a gente merece”, finalizou.
Naiara Soares