Agricultura familiar baiana lidera ranking nacional da produção de caprinos

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Foto: SDR/BA

A Bahia ocupa o 1º lugar no ranking da produção nacional de caprinos e a segunda de ovinos, sendo 90% dessa produção da agricultura familiar. A caprino-ovinocultura tem um papel significativo para o desenvolvimento do rural baiano, com a diversificação da produção e a geração de emprego e renda para milhares de agricultores. Esse é um dos sistemas produtivos liderados pela agricultura familiar baiana, que, no próximo sábado, celebra o Dia Internacional da Agricultura Familiar (25/07), data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

O grande potencial econômico e as mudanças nos hábitos de consumo tendem a abrir espaço aos produtos da caprinocultura de corte, que se destaca pela maciez, suculência e qualidade nutritiva de sua carne. Quando processada adequadamente, em cortes especiais resfriados e congelados, a carne tem forte apelo mercadológico.

Referência no estado na produção de caprinos e ovinos, a Cooperativa Agroindustrial de Pintadas (Cooap) é uma das instituições da agricultura familiar que vêm se consolidando e proporcionando a mudança de vida e a melhoria da renda de 300 famílias produtoras de caprinos e ovinos do Território Bacia do Jacuípe. Os animais da Cooap são abatidos pela Frigbahia, Organização de Cooperativas e Produtores de Caprinos e Ovinos, e de lá as carnes são comercializadas com a marca Fino Sertão.

Pernil, costela, filé, carré, entre outros cortes de cabritos e cordeiros já ganharam o paladar e a preferência no meio gastronômico. A Bravo Burguer & Beer, considerada uma das melhores hamburguerias do país, por exemplo, utiliza a carne dos caprinos e ovinos da Cooap em seus estabelecimentos.

Para o chef e dono da rede Bravo, Rafael Zacarias, saber da procedência do alimento que está sendo ofertado ao cliente faz toda a diferença. Ele observa que a valorização dos agricultores garante uma economia sustentável e um alimento limpo na mesa do cliente: “Precisamos valorizar o que temos aqui no estado. Por que comprar de fora se temos boas carnes e tantos outros produtos de qualidade aqui na Bahia? Saber como o bode é produzido, como é o corte, como é o cuidado dos produtores rurais, nos dá a procedência do alimento. Tive a oportunidade de acompanhar e conhecer todo esse processo. Isso agrega valor ao produto e resulta no feedback positivo, que recebemos dos nossos clientes”.

Novo modelo de criação

Visando o aumento da renda de agricultores familiares que trabalham com a ovinocaprinocultura, o Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em parceria com a Cooap e Frigbahia, criou o Programa de Integração Produtiva de Cordeiros e Cabritos Campo Indústria (Procampi).

O programa apresenta um novo modelo de criação, onde o produtor vai abater o animal com 17 kg, com cinco meses de idade, com tecnologia do sistema de criação, oferecendo à indústria um produto com ainda mais sabor e qualidade.  Para isso, técnicos que prestam assistência técnica, por meio do projeto Bahia Produtiva, foram capacitados e estão levando o conhecimento para agricultores familiares de todo estado, que trabalham com ovinos e caprinos, ensinando como aumentar sua produção e, consequentemente, a renda.

Para o diretor-presidente da CAR, Wilson Dias, a caprino-ovinocultura baiana tem grande potencial:  “Os investimentos se justificam, tanto do ponto de vista econômico, quanto social. Temos o primeiro maior rebanho caprino e o segundo maior rebanho ovino do país, onde pequenos ajustes nas tecnologias de produção podem multiplicar, até quatro vezes, a renda de quase 200 mil famílias, com impacto direto no PIB de muitos municípios do Semiárido”.

Qualificação e acesso a mercado

Para organizar a base de produção, qualificar o rebanho e acessar o mercado, a Cooap já recebeu cerca de R$2,5 milhões de investimentos, por meio de editais do projeto do Bahia Produtiva, executado pela CAR/SDR. Com os recursos, a cooperativa ampliou a capacidade de abate da unidade produtiva para dois mil animais por mês, inseriu novas linhas de produção, como os defumados e embutidos, implantou o frigorífico e investiu na relação entre cooperativa e setor privado, alcançando novos mercados. 

O presidente da Cooap, Gerinelson Lima, calcula que a capacidade atual do frigorífico é de abater quatro mil animais por mês: “Com esse programa, a expectativa é trazer os animais de todas as regiões para que sejam abatidos aqui e ver o produtor produzindo, vendendo e recebendo o preço justo. O sistema produtivo da caprinocultura na Bahia está sendo ampliado e fortalecido cada vez mais e demonstrado sua força na agricultura familiar”.

Somente pelo Bahia Produtiva, são mais de R$20 milhões em 66 projetos para dinamizar a cadeia produtiva da caprino-ovinocultura do estado, envolvendo mais de 1500 famílias baianas. (Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Rural)