Após a nova determinação da administração do Hospital Universitário de Petrolina, os técnicos de enfermagem, servidores municipais, cedidos à unidade não tem mais a refeição fornecida pelo HU. A medida foi informada na última quinta-feira (07) e entrou em vigor na segunda-feira (11). Entretanto, segundo o relato de integrantes da categoria, a Secretaria Municipal de Saúde de Petrolina não teria assumido a alimentação desses profissionais que estão sem alimentação durante as 12 horas de plantão. Foi o que relatou ao Nossa Voz na manhã de hoje (13) a técnica de enfermagem, Joana Cariri.
Num desabafo contundente ela cobrou providências à Prefeitura Municipal de Petrolina. “Fomos procurar a direção e nos foi repassada a seguinte informação: que a empresa Ebserh que administra o Hospital Universitário foi proibida pelo Tribunal de Contas a fornecer alimentação aos técnicos de enfermagem cedidos pela Prefeitura Municipal de Petrolina e que era de responsabilidade da prefeitura nos fornecer alimentação durante o plantão”.
De acordo com Joana, eles também buscou o auxílio do Sindicato dos Servidores Municipais de Petrolina e como ação imediata, a entidade providenciou o fornecimento de alimentação na segunda-feira. “Procuramos o sindicato, que levou marmitas na segunda feira. Então lhe digo: A que ponto chegamos? Como é que um funcionário, um técnico de enfermagem trabalha em local insalubre, em plena pandemia, num plantão de 12 horas sem ter direito a alimentação? Como é que vamos atender as pessoas? Todo mundo fala, ‘os heróis da saúde’; nós ganhamos em Petrolina, temos os nossos contracheques para mostrar, somos a categoria que recebe o menor salário da prefeitura. Até mesmo os nossos colegas garis, digo colegas com respeito a profissão, ganham mais que a gente”.
A profissional de saúde também cobrou do Sindsemp medidas enérgicas para solucionar essa situação. “Temos vidas em nossas mãos, estamos lidando com um momento crítico mundial. Cadê os vereadores de oposição e situação? Cadê o nosso sindicato que se omite, porque até hoje, só fala de boca. Posso mandar para vocês o áudio que o presidente do sindicato nos enviou. Mas oficialmente, documento, nós não temos nenhum de que está sendo movida uma ação na Justiça. Então o que estamos fazendo é um apelo e informando a população porque o que todo mundo sabe é meter o cacete na saúde. Todo mundo só vem dizer que fulano foi mal atendido. Nós temos a obrigação de atender ninguém mal, é verdade. Mas as pessoas também precisam ter consciência do que acontece conosco”.
Para Joana, é possível entender a interrupção do fornecimento de refeições adotada pela direção do HU, entretanto, ela questiona o silêncio da prefeitura que ainda não apresentou soluções para o impasse. “Até então, entendemos que, juridicamente, a Ebserh não tem a obrigação de nos fornecer alimentação. Mas desde segunda-feira, os técnicos da Prefeitura Municipal de Petrolina se encontram sem alimentação, mas estão lá. Se você chegar no Hospital Universitário e chamar os profissionais da prefeitura que estão lá humilhados, chorando, porque voltamos à época da escravatura. Só nos faltam os chicotes, porque quando é negada alimentação…”
Diante disso, ela reforça a cobrança por providências. “Trabalhamos de 07h da manhã às 07h da noite e das 07h da noite às 07h da manhã com fome. Eu estou falando é de fome, eu estou falando é de alimentos. Cadê a gestão? Cadê a Secretaria de Saúde? Cadê o prefeito? Cadê os vereadores?”
Em nota, a assessoria de comunicação do Hospital Universitário reforça a medida:
“O HU-Univasf informa que, em função da aprovação do Regulamento de Fornecimento de Refeições nos Hospitais Universitários Federais, pela Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares), publicado em 08 de dezembro de 2020, o fornecimento de refeições nas filiais da Rede e com custeamento por parte da Ebserh ocorrerá para os seguintes grupos:
Pacientes;
Acompanhantes;
Residentes médicos e multiprofissionais;
Alunos de graduação da Univasf em plantão de 12 horas.
A execução das normas dispostas no Regulamento entrou em vigor nesta segunda (11) e o documento foi previamente divulgado pelos canais internos da instituição, também sendo informado aos órgãos externos.
É necessário esclarecer que os servidores municipais de Petrolina-PE lotados no HU possuem vínculo contratual com a Prefeitura Municipal, apesar de exercerem suas atividades no hospital. Portanto, os requisitos inerentes aos seus cargos são estabelecidos junto ao ente público municipal.
Ademais, ressalta-se que as medidas estão respaldadas na legislação vigente e alinhadas a recomendações de Auditoria Interna da Ebserh, bem como ao princípio de economicidade da Administração Pública. Portanto, o HU reafirma o compromisso com o respeito aos direitos trabalhistas, ao passo que deve prezar pelas diretrizes normativas em âmbito nacional”.