Em uma entrevista franca ao programa Nossa Voz de hoje (30), o prefeito diplomado de Juazeiro, Andrei Gonçalves, expressou o peso dos desafios que o aguardam ao assumir o comando da cidade em 1º de janeiro. A cerimônia de posse será realizada no Complexo Multieventos da Univasf, às 17h, marcando o início de uma gestão que promete ser focada em reconstrução.
Em seu prognóstico Andrei relatou que herda uma administração com problemas financeiros e estruturais críticos, fruto do que ele descreveu como uma condução “à deriva” nos últimos quatro anos sob o governo de Suzana Ramos. “O ano de 2025 será um ano diferente, com fé em Deus e muito trabalho. Quero que este seja um ano de alegria para o povo de Juazeiro, que tem sofrido bastante. Não descansarei enquanto não alinhar a cidade”, prometeu.
Uma das primeiras medidas tomadas foi a aprovação de uma reforma administrativa que reduz o número de cargos comissionados de 1.300 para 922, gerando uma economia anual de R$ 12 milhões. “Por que fazer essa economia? Porque o povo precisa de ruas pavimentadas, saneamento, saúde, educação e creches. É isso que faremos: eficiência na gestão para atender às demandas da população”, explicou Andrei.
Uma herança pesada
A situação financeira da cidade é preocupante. A prefeitura acumula dívidas significativas: R$ 70 milhões com a previdência municipal, R$ 1,5 milhão em precatórios e R$ 2 milhões em atrasos no saneamento. Há ainda uma dívida com a Coelba que ultrapassa R$ 30 milhões, além de débitos com fornecedores.
“Juazeiro está em um cenário de guerra. Temos dívidas que se acumularam por pura irresponsabilidade. O saneamento, por exemplo, saltou de R$ 700 mil para R$ 2 milhões em quatro anos pela falta de pagamento. Vamos precisar de muita força de vontade e união para superar tudo isso”, destacou.
Educação como prioridade
A educação será uma das principais bandeiras da nova gestão. Atualmente, 60% das crianças em idade de creche estão fora das instituições, um problema que Andrei classificou como inaceitável. Ele anunciou a nomeação de Maeve Melo como secretária de Educação, elogiando sua capacidade técnica e prometendo a construção de novas creches. “Criança fora da creche é um problema para o presente e o futuro. O impacto vai desde a formação educacional até a proteção contra abusos psicológicos, físicos e até sexuais. Precisamos cuidar dessas crianças para garantir o amanhã de Juazeiro,” afirmou.
O desempenho do município no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) também é uma preocupação. Nos últimos quatro anos, a média caiu de 5,8 para 5,1.“A qualidade do ensino caiu porque o aluno deixou de ir para a escola. Isso afeta o aprendizado e, consequentemente, o futuro dessas crianças. Vamos reconstruir o ensino com muito trabalho e dedicação,” disse o prefeito diplomado.
Andrei criticou a falta de manutenção da infraestrutura e os problemas na saúde pública, como esgoto aberto na UPA e unidades de saúde em condições precárias. A limpeza dos canais, que deveria ser contínua, está atrasada, agravando os riscos com a chegada das chuvas.
“A cidade está suja, escura e abandonada. Juazeiro precisa de uma gestão séria que olhe para os problemas e comece a resolvê-los. Não podemos aceitar que nosso povo continue pagando caro por uma administração irresponsável,” declarou.
Parcerias e esperança
Apesar dos desafios, Andrei mostrou otimismo ao falar sobre o alinhamento com os governos estadual e federal. Ele já apresentou estudos sobre mobilidade urbana e revitalização de riachos, buscando inserir projetos estratégicos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Fui ao Palácio do Planalto com um estudo detalhado, feito com ajuda de engenheiros e técnicos. Levei dados sobre os riachos e canais que precisam de revitalização. O ministro Ruy Costa se comprometeu a ajudar Juazeiro e incluir o projeto no PAC. É um momento especial, e Juazeiro terá a atenção que merece,” afirmou Andrei.
Primeiro ano de ajustes
O prefeito eleito pediu paciência à população, explicando que o primeiro ano será dedicado a colocar a casa em ordem. Ele também destacou que o sucesso de sua gestão dependerá do apoio popular e de uma relação harmônica com a Câmara de Vereadores.
“Eu não fui eleito para descansar; fui eleito para trabalhar. Será um ano de ajustes e reconstrução. Mas quero que o povo de Juazeiro confie e tenha resiliência. Vamos fazer as mudanças que a cidade precisa,” finalizou.
Ao encerrar a entrevista o novo prefeito de Juazeiro fez um compromisso com a população. “O discurso acabou; agora é hora de ação. Trabalharei incansavelmente para reconstruir nossa cidade e devolver a dignidade ao povo juazeirense.”
