Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025: Juazeiro ocupa terceiro lugar do ranking; número de mortes chega a 9,6% com 194 vítimas, diz o relatório

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A Bahia registrou o maior número absoluto de casos de Mortes Violentas Intencionais (MVI) no Brasil em 2024, com 6.036 ocorrências ao longo do ano. Apesar de manter a liderança nacional, a quantia total de casos apresentou uma queda de -8,4% no comparativo com o ano anterior (6.579), é o que apontam dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, divulgado na manhã desta quinta-feira (24).

O estado ocupa também a segunda posição geral na taxa de casos, com 40,6, ficando atrás apenas do Amapá (45,1) na média nacional, e mantendo a mesma colocação vista no relatório de 2023. Das 6.036 ocorrências registradas durante o ano, 4.308 foram homicídios dolosos, 75 foram latrocínios, 97 foram lesões corporais seguidas de morte, além de 1.556 mortes decorrentes de intervenção policial (em serviço ou fora de serviço), com 11 polícias civis e militares mortos – vítimas de crimes violentos letais intencionais.

Dos subgrupos citados acima, apenas os números de homicídios dolosos (4.729 em 2023) e de mortes decorrentes de intervenção policial (1.700 em 2023), diminuíram na relação com os dados do ano anterior.

Em números absolutos, a quantidade de mortes violentas intencionais no estado foi a menor registrada desde 2019, e a terceira menor da Bahia em toda a série histórica – contabilizada desde 2012. Liderando o quesito nacionalmente, o estado ocupou a primeira posição em todos os anos da série histórica.

Homicídio Doloso

O número de vítimas de homicídios dolosos na Bahia caiu no ano passado, com 4.308 padecentes, contra 4.729 em 2023. A taxa, por sua vez, também apresentou queda – de -9,0 – indo de 31,9 em 2023, para 29,0 no ano passado.

A quantidade de ocorrências e a taxa referente a este recorte também diminuíram, indo de 4.461 (2023) para 4.072 (2024), e de 30,1 (2023) para 27,4 (2024), respectivamente.

A Bahia lidera, tanto no número de vítimas, quanto de ocorrências de homicídio doloso no país em 2024, mantendo a mesma colocação no ano anterior em ambos.

Latrocínio

Ao todo, o estado registrou 75 vítimas de latrocínio em 2024, um aumento no comparativo às 69 baixas vistas no levantamento do ano anterior. A taxa, por outro lado, manteve-se em 0,5, com variação de 8,5.

O número de ocorrências deste tipo também cresceu em 2024, indo de 69 (2023), para 73, também mantendo a mesma variação vista no recorte de vítimas, de 0,5. A variação é de 5,6.

Apesar do crescimento, a Bahia ocupa a 4ª posição entre as unidades federativas do país, tanto no número de vítimas, quanto no número de ocorrências em 2024.

Lesão corporal seguida de morte

A quantidade de vítimas de lesão corporal seguida de morte no estado também cresceu. Foram 97 baixas em 2024, contra 81 registradas no ano anterior. A taxa, por sua vez, registrou alta, indo de 0,5 para 0,7, com variação de 19,6.

Já o número de ocorrências cresceu de 81 para 96 entre 2023 e 2024, respectivamente. Com a taxa crescendo para 0,6 no ano passado, com variação de 18,3.

No cenário nacional, a Bahia foi o 2º estado com mais vítimas e com a maior quantidade de ocorrências deste tipo.

Recorte municipal

A Bahia possui 5 dos 10 municípios com maiores taxas de mortes violentas do Brasil em 2024. Ocupando a segunda colocação do ranking, a cidade de Jequié, no sudoeste do estado, registrou 131 ocorrências no ano, com taxa de 77,6.

“Jequié, na Bahia, antes em terceiro lugar no ranking das cidades mais violentas do país, assumiu o segundo lugar, com taxa de mortalidade de 77,6 por 100 mil habitantes. Embora tenha apresentado uma redução de 2,2% no número de mortes violentas intencionais entre 2023 e 2024, passando de 134 para 131 vítimas, a cidade permanece como uma das mais violentas do país”, detalha o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025.

Em sequência vem Juazeiro, na terceira posição (com 194 mortes violentas registradas), e Camaçari, na quarta posição (com 293 mortes violentas registradas), respectivamente.

“O terceiro lugar do ranking é do município de Juazeiro, também na Bahia, que viu o número de mortes violentas intencionais crescer 9,6% no último ano e chegar a 194 vítimas, taxa de 76,2 por 100 mil”, diz o relatório.

O Anuário ainda aponta que Camaçari perdeu posições em relação ao ranking do ano anterior, quando ocupava a 2ª posição. “A cidade, que aparecera em segundo lugar no ranking do ano anterior, apresentou redução de 12,1% no número de vítimas de MVI, passando de 272 mortos em 2023 para 239 em 2024. Apesar da melhora, a taxa se mantém elevada, com 74,8 mortes por 100 mil”, relata.

Outra cidade que perdeu posições entre um ano e outro, Feira de Santana registrou 429 mortes violentas caindo da 6ª para 10ª colocação. “A cidade apresentou redução de 6,5% no número de vítimas de mortes violentas intencionais, mas segue com taxa elevada, de 65,2 mortes por 100 mil. Em junho deste ano, uma liderança do narcotráfico vinculada à facção Bonde dos Malucos foi presa em São Paulo em uma operação conjunta da FICCO8, evidência dos vínculos entre a organização criminosa local e o PCC.”

Na sétima posição, Simões Filho registrou 86 mortes do tipo no ano passado, mesmo número apresentado pela cidade de São Lourenço da Mata (PE). O desempate técnico ocorre pela taxa, com o município pernambucano (73,0) superando o percentual registrado pela cidade baiana (71,4). O relatório destaca ainda o papel das guerras de facções no desempenho do município baiano.

“O município que figura há anos entre os mais violentos do país tem sido alvo de disputas entre grupos criminosos como Bonde dos Malucos (BDM) e Comando Vermelho (CV)”, diz o relatório.