Ao Nossa Voz, Maria Clara afirma que oferecerá passe livre para estudantes e professores, desmilitarizará a polícia militar e construirá uma economia solidária

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Nesta sexta-feira (6), a estudante e sindicalista Maria Clara, candidata do partido Unidade Popular pelo Socialismo (UP) à Prefeitura de Petrolina, apresentou suas propostas e críticas durante uma entrevista ao vivo. Ela abordou temas como passe livre, desmilitarização da polícia e economia solidária, destacando a visão de seu partido para a cidade e o país.

Maria Clara iniciou sua fala destacando a importância da representatividade da classe trabalhadora. “O partido Unidade Popular pelo Socialismo visa ocupar esses espaços de representatividade e decisão pela classe trabalhadora, tanto no Brasil quanto no mundo. Precisamos de espaços de decisão ocupados pela classe trabalhadora e pelos trabalhadores aqui de Petrolina”, afirmou.

Ela foi a quinta candidata a ser entrevistada ao vivo na série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Petrolina. A série começou com Lara Cavalcanti (PL) na segunda-feira (2), seguiu com Odacy Amorim na terça-feira (3) e Simão Durando na quarta-feira (4). Julio Lossio (PSDB) foi o entrevistado na quinta-feira (5). Marcos Heridijanio (AGIR) encerrará a série na segunda-feira (9).

A candidata começou a entrevista apresentando sua proposta de campanha que é implementação do passe livre na cidade. Ela criticou a atual gestão pela tarifa elevada e pela qualidade do serviço. “Hoje, em Petrolina, pagamos a passagem mais cara do Nordeste, inclusive mais cara do que a de Recife, a capital de Pernambuco. O transporte é de qualidade duvidosa e não oferece condições adequadas para os usuários. Queremos implementar o passe livre inicialmente para estudantes e professores, com o objetivo de tornar o transporte verdadeiramente público, garantindo um serviço mais eficiente e acessível para toda a população,” disse a candidata.

Maria Clara explicou que a proposta inicial é direcionada a estudantes e professores, mas a intenção é expandir o transporte para se tornar público no futuro. “A proposta inicial é que o transporte seja destinado a estudantes e professores, mas nosso objetivo é torná-lo público no futuro. Atualmente, o transporte em Petrolina é classificado como coletivo, mas, na prática, é um serviço privatizado. A prefeitura repassa muitos recursos para a empresa responsável, e acabamos pagando uma passagem bastante cara. Portanto, apesar de ser chamado de transporte coletivo, na verdade, é um serviço privado. Por isso, é essencial que o transporte se torne verdadeiramente público, para que os recursos já investidos garantam um serviço de qualidade para todos.”

Ela também prometeu a desmilitarização da polícia militar e criticou a abordagem militarizada da segurança pública, defendendo uma reforma profunda. “A desmilitarização é crucial. Estamos propondo retirar toda a estrutura militar herdada da ditadura de 1964. A ideia é transformar a polícia para que ela não atue mais como um exército contra a população, mas sim como um serviço que realmente defenda os interesses dos cidadãos. Nacionalmente, nosso partido defende a desmilitarização da Polícia Militar. Isso não significa simplesmente retirar as armas da polícia, mas sim mudar a estrutura e a ideologia da força policial para que ela passe a servir efetivamente à população.”

Maria Clara também discutiu como pretende gerir a Guarda Municipal. “No que diz respeito à Guarda Municipal, temos algumas propostas. Já mencionei em outra entrevista a importância de utilizar câmeras corporais, mas também queremos criar fóruns de Segurança Pública. Esses fóruns permitirão que a população participe dos debates sobre os problemas de segurança mais graves que enfrentamos. Precisamos agir de forma mais inteligente em relação à segurança em Petrolina. Atualmente, falta pesquisa e dados estatísticos adequados. Devemos desenvolver políticas específicas baseadas em informações precisas, em vez de simplesmente aumentar o número de policiais ou guardas na rua,” definiu a candidata.

Maria Clara também falou sobre economia solidária e a necessidade de uma redistribuição mais justa da riqueza. “Petrolina produz uma quantidade significativa de frutas e riqueza, mas essa riqueza não está sendo distribuída de forma justa. Os trabalhadores que geram essa produção recebem salários baixos e enfrentam condições difíceis. Nossa proposta é promover uma economia solidária que garanta uma melhor distribuição da riqueza gerada na cidade, beneficiando diretamente os trabalhadores e melhorando suas condições de vida.”

Maria Clara destacou que a economia em Petrolina está imersa no sistema capitalista, que gera desigualdade. “O sistema capitalista é caracterizado pela desigualdade e pela divisão em classes, principalmente entre a classe trabalhadora e a classe burguesa. Em Petrolina, isso é muito evidente. Basta comparar a orla com bairros fora do centro para perceber essa disparidade. Petrolina produz uma riqueza significativa, principalmente na agricultura. No ano passado, produzimos 400 mil toneladas de frutas, o que é excelente. No entanto, o dinheiro gerado por essa produção não está beneficiando os trabalhadores. Eles recebem salários mínimos que são uma miséria. Nosso partido socialista acredita que é necessário redistribuir melhor a riqueza da nossa cidade. Uma de nossas propostas é garantir que os trabalhadores, que são responsáveis pela produção das 400 mil toneladas de frutas, recebam uma parcela justa da riqueza que ajudam a gerar”, salientou.

Em relação à infraestrutura, Maria Clara criticou a gestão atual pela falta de qualidade nas obras e serviços. “Os problemas de infraestrutura são evidentes, com pavimentação de baixa qualidade e falta de drenagem. Além disso, o saneamento básico é uma área negligenciada. Nossa proposta inclui a criação de um conselho de saneamento básico para garantir que a população participe ativamente na gestão e melhoria dos serviços de água e esgoto,” destacou.

Sobre a educação, Maria Clara criticou a precarização dos profissionais e a falta de investimento. Ela defendeu a realização de mais concursos públicos e a ampliação das bolsas na Facape para garantir uma melhor formação para os estudantes.

“A precarização desses profissionais é muito maior. O salário dos professores contratados é muito baixo. Este ano, houve um reajuste de 4%, mas o valor ainda ficou um pouco acima do salário mínimo. Então, você estuda e se empenha para mudar sua vida, e, ao entrar no mercado de trabalho, não é valorizado. Existe sempre a ameaça de perder o emprego a qualquer momento, pois não há estabilidade,” afirmou Maria Clara.

Maria Clara também abordou a questão da Facape e a necessidade de ampliar as oportunidades de formação superior. “A ampliação das bolsas da Facape é crucial. Petrolina, no sertão, atende várias cidades e possui faculdades importantes, incluindo a Facape. No entanto, muitos trabalhadores e estudantes enfrentam precarização nos espaços educacionais. Precisamos ampliar as bolsas para garantir que mais pessoas tenham acesso a uma educação de qualidade,” disse ela.

Sobre a utilização das escolas municipais, Maria Clara propôs uma medida inovadora. “Queremos utilizar as escolas municipais que, em sua maioria, não funcionam à noite ou operam com o EJA (Educação de Jovens e Adultos), mas cujas salas estão muitas vezes vazias. A ideia é usar essas escolas à noite para oferecer cursos de capacitação e especialização para a população. Vamos buscar parcerias com a Secretaria de Educação para desenvolver esses cursos,” explicou Maria Clara.

A candidata destacou a importância do SUS como uma política pública fundamental para a população e a necessidade de mais investimentos nessa área. Ela explicou que é crucial compreender o SUS não como um problema inerente, mas como algo que sofre com a falta de interesse da gestão atual de Petrolina. “Embora haja um significativo repasse federal para a saúde — no ano passado, todos os municípios de Pernambuco receberam 16 milhões de reais destinados exclusivamente à saúde — é essencial que façamos uma análise estratégica para garantir que esse dinheiro esteja sendo investido de maneira eficaz. Temos visto a falta de medicamentos básicos, como a dipirona, nas unidades básicas de saúde, o que é inaceitável. Além disso, a qualidade dos serviços é extremamente baixa, e a precarização dos profissionais de saúde só piora a situação. Isso mostra que a atenção e o investimento necessários não estão sendo devidamente aplicados. Por isso, defendemos a realização de uma auditoria completa dos recursos recebidos, tanto do governo estadual quanto federal, para assegurar que o dinheiro realmente esteja sendo destinado à saúde e trazendo os benefícios esperados para a população.”

Em relação ao saneamento, Maria Clara criticou a gestão atual pela falta de qualidade na estrutura. “A gestão da Prefeitura e a Compesa não atuam para resolver os problemas envolvendo saneamento básico e entrega de água. Ficam apenas se culpando mutuamente, o que não resolve o problema e, na verdade, só dificulta ainda mais. Observamos que a maior parte do trabalho é realizada por trabalhadores terceirizados, tornando o serviço privado.”

Maria Clara destacou que, como prioridade em seu plano de governo, pretende criar uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), algo que atualmente não existe em Petrolina. “A ETE beneficiará não só a população, mas também a irrigação,” afirmou a candidata.

Ela aproveitou a oportunidade para falar sobre o partido, a candidata contou que a Unidade Popular foi legalizada em 2019 com mais de 1 milhão de assinaturas. “O nosso partido é formado por movimentos sociais e lutas sociais. Entre esses movimentos, posso citar o movimento de mulheres Olga Benário, que luta pela emancipação das mulheres dentro do sistema capitalista, buscando melhores condições de vida. A melhoria imediata para o nosso povo também é uma prioridade. Além disso, temos um movimento atuando nos bairros, vilas e favelas, lutando por moradia digna, uma questão que afeta o país inteiro. A maior parte da juventude vive de aluguel hoje em dia; eu mesma posso testemunhar isso. Queremos garantir moradia própria para todos.”