A decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de ruptura institucional após as eleições de 2022 repercutiu entre aliados do ex-mandatário em Petrolina. Os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino votaram de forma unânime pelo acolhimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusa Bolsonaro e outros sete nomes de compor um núcleo central responsável por tramar a permanência no poder mesmo após a derrota nas urnas.
Entre os que se posicionaram sobre o assunto está o vereador Diogo Hoffmann, líder do governo Simão Durando na Câmara Municipal. Em nota, ele afirmou que recebeu a decisão com indignação:
“Não com surpresa, porque os próprios ministros já indicavam que isso iria acontecer. Mas é indignante ver um ex-presidente sendo tornado réu, não por desvio de recursos ou corrupção, mas por críticas a ministros e ao Judiciário. Essa decisão foi tomada por ministros que já antagonizaram com Bolsonaro e um relator que, ao mesmo tempo, é juiz, vítima e quem ouve o delator”, declarou Hoffmann, que completou:
“Temos vivido momentos perigosos na nação brasileira e precisamos de racionalidade para restaurarmos a ordem. Força, presidente Bolsonaro. Nós estamos com você.”
Outro que se manifestou de forma mais contundente foi um vereador do PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro. Segundo ele, a decisão do STF representa uma perseguição política:
“Estamos perplexos, estarrecidos, mas não surpresos. O STF virou as costas para a Constituição. Solta criminosos, mas persegue cidadãos comuns e políticos opositores. A denúncia contra Bolsonaro é baseada em suposições e numa delação alterada diversas vezes. Isso, para mim, é tortura e perseguição política.”
O vereador também criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes e afirmou que “o que estamos vivendo hoje é uma ditadura do Judiciário”.
A denúncia apresentada pela PGR tem mais de 300 páginas e se baseia em investigações da Polícia Federal. Ela imputa ao grupo crimes como abolição violenta do Estado democrático de Direito, organização criminosa, tentativa de golpe e dano ao patrimônio público. Com a aceitação da denúncia, o processo entra agora na fase de instrução penal, quando acusação e defesa poderão apresentar provas e testemunhas.
A decisão não representa uma condenação, mas abre caminho para que o STF julgue o mérito da ação, o que pode resultar em absolvição ou condenação — com possíveis penas que somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão, além de efeitos civis como perda de direitos políticos e inelegibilidade.