A apreensão de um adolescente de 16 anos, suspeito de divulgar nas redes sociais uma mensagem atribuída a uma facção criminosa, acendeu o alerta sobre a violência em Petrolina. O conteúdo, que ameaçava motoristas por aplicativo e moradores da zona leste — especialmente nos bairros Parque São Gonçalo, Jardim Petrópolis e adjacências — espalhou medo e fez com que muitos evitassem sair de casa. O tema chegou à Câmara de Vereadores na sessão desta terça-feira (12).
O vereador Ronaldo Cancão afirmou que, nos últimos dias, “acendeu a luz vermelha”. “Oito meses, 120 homicídios. Bateu o recorde em Pernambuco, a terceira cidade mais violenta. O primeiro trimestre de janeiro a março, 50 homicídios em Petrolina. Isso coloca em risco as pessoas de bem. Eu não quero saber de Comando Vermelho, de Bonde do Maluco, isso aí tem que estar na cadeia. Enquanto eu estiver aqui como representante do povo, vamos fazer a defesa da soberania, da liberdade e da segurança das pessoas. Vamos levar o trabalho dessa casa para a periferia. Nós vamos fazer o enfrentamento”. Ele anunciou três plenárias comunitárias para discutir segurança, nos dias 28 de agosto (São Gonçalo), 4 de setembro (Jesus e Maria) e 11 de setembro (Maria Teresa), com a participação de órgãos policiais, Ministério Público, Judiciário e sociedade civil.
Dhiego Serra reforçou. “Petrolina não vai aceitar o crime organizado. Petrolina não é Salvador, não está sendo governada por uma locomotiva que não tem freios. Pernambuco tem governo. Nós iremos provocar a governadora para ampliar a nossa força policial, porque policial aqui em Petrolina tem honra, tem voz, tem vez. Queremos colocar ordem em Petrolina e iremos colocar ordem em Petrolina”. Ele também relatou que “a nova cracolândia daqui de Petrolina roubou até os ponteiros do relógio, para vocês verem como o nosso tempo e a nossa hora estão passando despercebidos”.
Wanderley Alves apontou a necessidade de políticas públicas voltadas à juventude. “Hoje, de fato, tem que ter essa melhoria na educação, essa melhoria nas políticas públicas voltadas ao jovem, mas a gente não pode esquecer também de reconhecer o trabalho do policiamento”. Ele citou uma operação do Biesp na Ilha do Fogo, onde “encontraram drogas, arma, prostituição, a presença de menores” e impediram que “algo pior” acontecesse.
Ronaldo Silva lembrou os êxitos da Operação Nordeste Integrado. “Há poucos dias tivemos uma força-tarefa juntando as forças de segurança da Bahia e de Pernambuco, onde foi apreendido mais de 10 bandidos de facções, armas e drogas. A governadora está empossando 2.400 novos policiais. Vai abrir novos concursos, trocou todas as viaturas. Todos nós sabemos que as facções estão vindo embora do Sul para o Nordeste, mas bandidagem aqui não se cria”.
Gilmar Santos chamou atenção para a ausência de políticas preventivas. “A violência é um problema social e problema social a gente resolve com investimentos para prevenir que pessoas sem oportunidade de educação, cultura, esporte, moradia e saúde de qualidade entrem na rota da violência. O Estado não chega com serviços para evitar a violência, mas chega com a repressão. Não podemos colocar nas costas dos policiais a irresponsabilidade e a incompetência de um Estado ausente e negligente”.
Para Capitão Alencar, o déficit de efetivo é determinante e precisa ser sanado. “Hoje temos praticamente os mesmos 500 policiais de 1998 para cá, para mais de 400 mil habitantes. É um absurdo. Viatura hoje cobre 10 bairros e, quando vai para a delegacia, passa três ou quatro horas no flagrante, deixando outra viatura cobrindo 20 bairros. Não existe segurança pública desse jeito. Precisamos dobrar o efetivo para pelo menos 800 policiais”.
Diogo Hoffmann defendeu que “o debate da segurança pública precisa ser despolitizado” e sugeriu uma audiência pública ampla, com “Ministério Público, representantes do Judiciário, da Vara de Execução Penal, além de órgãos policiais e do poder público”. Ele disse acreditar na ressocialização, citando que “bandido bom é bandido ressocializado” e que igrejas realizam trabalhos importantes nesse sentido.