Ao relatar uma transição difícil, com repasse de poucos dados repassados por uma equipe incompleta e restrição de acesso às unidades em funcionamento, o secretário de Saúde de Juazeiro, Fernando Antônio busca colocar a casa em ordem. Em 1º de janeiro, segundo o gestor, o primeiro dia à frente da pasta já foi marcado por descumprimentos de ajustes feitos com a antiga gestão por desabastecimento de alguns pontos de atendimento à população.
“Passamos por uma transição dificultosa, em que nos deparamos com a equipe antiga, fragmentada, sem capacidade de processar as informações de maneira integrada. Não sabiam informar nossas indagações, encontramos muitas dificuldades de abastecimento e manutenção dos serviços essenciais. Que não foram percebidos devido a falsa de promessa de deixarem os serviços minimamente abastecidos. No dia 1º de janeiro, já tínhamos problemas nesse sentido. A nossa equipe de transição tentou adentrar efetivamente nos serviços, as fomos por vezes impedidos. Como a saúde é uma pasta que não pode parar, ela é contínua, nós precisaríamos ter entrado na prática, na vivência do serviço e muitas vezes, a gente não pôde fazer isso”, relatou.
Em entrevista ao Nossa Voz na última quarta-feira (06), o secretário de saúde revelou que entre as suas prioridades está criação do Comitê de Enfrentamento à Covid 19, cuja formação está sendo criteriosa. “Esse é o terceiro dia útil que estamos entrando. Precisamos criar um comitê de enfrentamento à covid 19 para planejar as ações. Ainda é muito cedo. Antes de um diagnóstico da situação e saber da saúde financeira da Secretaria de Saúde, quantidade de testes que a gente tem disponível Mas eu digo sempre o seguinte, que não será descartado. Vai depender muito das nossas condições.
Hospital de Campanha
Após rumores de encerramento das atividades do Hospital de Campanha, Fernando Antônio esclareceu não ter essa intenção, buscando apenas o redimensionamento dos custos de acordo com a demanda observada ao longo do período de funcionamento. “A princípio, na primeira análise, a gente vai manter sim. Estamos numa pandemia e temos que estar preparados para um possível aumento de casos. Só que na minha análise e pela análise da minha equipe, existe um Hospital de Campanha que na verdade está subutilizado. Nós não vamos tirá-lo, mas vamos reanalisar o fluxo. Porque ele tem 30 leitos disponíveis e até o dia de hoje só foram utilizados nove leitos, no máximo. Aí tenho que rever com o que estou gastando, não retirá-lo, talvez reduzir a quantidade de leitos de acordo com a resposta e com a situação da covid em Juazeiro”.
Além de Hospital de Campanha, a UPA de Juazeiro, que foi redirecionada para atendimento exclusivo de pacientes com Síndromes Respiratórias, também passará por reformulações. “Percebi que há uma subutilização de equipamentos, principalmente da UPA. Hohe tenho a UPA para atendimento somente para síndromes gripais e tratamento da Covid, que o atendimento lá caiu muito, saiu de mais de 150 por 24 horas e hoje a gente tem 20 atendimentos. Então eu tenho dois equipamentos voltados para a síndrome gripal, o gasto elevado e com o fluxo inadequado. Então estamos analisando isso aí, mas fechar o Hospital de Campanha com certeza não”.
Vacinação contra a Covid 19
Questionado sobre as ações já previstas diante da continuidade da pandemia e intensificação de novos casos positivos, o secretário de saúde de saúde afirma que reforçará as ações educativas e buscará a compra de vacinas para imunizar a população.
“Vamos correr atrás, se for possível dentro a legalidade, dentro do suporte financeiro que a gente possa ter, vamos tentar comprar vacina. Estamos entrando em contato com algumas cidades que já estão andando para isso para sabermos, como eles já estão à frente desse processo, se tiver mais adiantado, para pegarmos a experiência e também procurar pelos nossos próprios pés, atrás dessas vacinas. E começar a vacinar as pessoas que são prioritárias, do grupo de risco e quem sabe, estender ao máximo possível da população”.
Investigações da PF na gestão passada
Por fim, Fernando Antônio revelou crer em bloqueios de recursos após a apresentação dos resultados da Operação Efeitos Adversos, na Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro. No âmbito da ação, realizada em 16 de dezembro de 2020, policiais federais, acompanhados por integrantes da Controladoria Geral da União, cumpriram mandatos de busca e apreensão na sede do órgão. Segundo a CGU, a operação foi deflagrada após a constatação de que “empresas de um mesmo grupo familiar concorriam entre si nas licitações para aquisição de medicamentos pelo município, minimizando a competitividade dos certames e ofertando produtos com valores acima dos preços de referência para aquisições públicas”.
“Acredito que sim, possa prejudicar no sentido de que pode haver bloqueios de algum recursos, mas assim, conhecimento sobre o assunto não tenho. Foi porque foi visto o que havia de irregular para que a gente possa caminhar daqui para a frente de maneira mais limpa e lícita possível. Mas não tenho conhecimento, não dizer sobre culpados, se houve ou não, isso cabe a polícia verificar e nós estamos ansiosos e muito atentos a situação para que não ocorram erros desse tipo dentro da secretaria”, apontou Fernando.