Os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) entraram em greve nesta terça-feira (16) por tempo indeterminado. Entre as reivindicações da categoria estão a recomposição de perdas salariais, valorização profissional e melhores condições de trabalho.
Nesta quarta-feira, a nossa equipe entrevistou Francisco Carlos Lopes, diretor do sindicato dos trabalhadores públicos federais de Pernambuco, que detalhou as principais demandas dos servidores. Segundo ele, “a paralisação é por tempo indeterminado. As principais reivindicações estão ligadas ao reajuste salarial e à estruturação da carreira. O trabalho do INSS é técnico e exclusivo, exigindo concurso público para ingresso, por isso buscamos a criação da carreira de Estado para o servidor do INSS, dada a importância do serviço.”
Francisco destacou a precariedade das condições de trabalho: “O INSS está sucateado. Muitos servidores trabalham de casa, utilizando seus próprios equipamentos, pois a administração pública não forneceu a estrutura necessária. Isso mostra um desinteresse do governo em resolver a situação.”
Ele também mencionou a importância da melhoria nas condições de atendimento ao público: “A greve não é contra a população, é contra o governo. Uma das pautas é justamente a melhoria do atendimento. A população deve apoiar essa luta, pois um serviço melhor estruturado beneficiará a todos.”
Na região de Pernambuco, a adesão à greve foi menor, com apenas quatro agências participando da paralisação. Francisco Carlos comentou sobre a situação local: “Aqui no estado, a adesão está muito baixa, com apenas quatro ou cinco agências se pronunciando a favor. O sindicato está trabalhando para aumentar essa adesão. Estamos em contato com os servidores para tentar mobilizá-los, mas o contato não é físico, é através de redes sociais, pois muitos estão trabalhando de casa. Essa adesão não atinge a perícia médica.”
Ele ressaltou ainda a importância de aumentar a adesão para fortalecer o movimento: “Estamos tentando conscientizar os servidores sobre a importância dessa greve para conseguirmos melhorias nas condições de trabalho e atendimento. É fundamental que mais agências e servidores se juntem à paralisação para pressionar o governo a atender nossas reivindicações.”
A paralisação foi aprovada em plenária nacional realizada no sábado (13), convocada pela Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps). A entidade já havia notificado o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos sobre a possibilidade de paralisação. A pasta agendou uma nova rodada de negociação também nesta terça-feira.
No documento, a Fenasps informa que “após análise das propostas apresentadas pelo governo, entenderam que a negociação teve poucos avanços”. A entidade criticou a proposta do governo de alongamento da carreira de 17 para 20 níveis e a criação de gratificação de atividade, medidas consideradas insuficientes diante das perdas salariais de mais de 53% acumuladas pela categoria.
As reivindicações da Fenasps incluem recomposição das perdas salariais, reestruturação das carreiras, cumprimento do acordo de greve de 2022, reconhecimento da carreira do Seguro Social como típica de Estado, nível superior para ingresso de Técnico do Seguro Social, incorporação de gratificações, jornada de trabalho de 30 horas para todos e cumprimento das jornadas de trabalho previstas em lei, revogação de normas que determinam o fim do teletrabalho e estabelecimento de programa de gestão de desempenho, condições de trabalho e direitos do trabalho para todos, fim do assédio moral institucional e reestruturação dos serviços previdenciários.
O INSS tem 19 mil servidores ativos, sendo 15 mil técnicos responsáveis pela maioria dos serviços da instituição, além de 4 mil analistas. Atualmente, 50% dos servidores estão em trabalho remoto.