“Área foi comprada em leilão e está 100% regular”, diz procurador da Metafruit sobre ocupação em Petrolina

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MST - lucilene santos

A madrugada do último domingo, 6 de abril, foi marcada por uma tensa ocupação de terras no perímetro irrigado Senador Nilo Coelho, em Petrolina. Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tomaram uma propriedade rural pertencente à empresa Metafruit Limited. Segundo a companhia, os manifestantes teriam expulsado os vigilantes e tomado posse do local de forma ilegal.

Em resposta à ocupação, a Metafruit divulgou nota pública reforçando a legalidade da aquisição da área — realizada via leilão judicial — e detalhou os investimentos já iniciados com foco na produção de frutas irrigadas, além da previsão de geração de centenas de empregos na região.

Para esclarecer os desdobramentos jurídicos e os impactos causados pela invasão, o programa Nossa Voz entrevistou o procurador da empresa, Dr. Marcos Douglas, que não poupou críticas à ação e trouxe detalhes contundentes sobre o ocorrido.

“Durante a madrugada do dia 4, domingo agora, dia 6/04, às 4h30 da manhã, cerca de 100 pessoas, em vários veículos, chegaram na propriedade munidas de facas, foices e outras armas brancas. Intimidaram os nossos funcionários, arrombaram o portão da fazenda, expulsaram os vigilantes. Desde então, nenhum colaborador consegue sequer se aproximar da área, porque são ameaçados de forma violenta. Essa é a realidade. Estamos diante de uma ocupação organizada, coordenada e extremamente preocupante. E quero deixar claro: isso poderia acontecer com qualquer pessoa da cidade.”

Douglas também afirmou, com convicção, que a aquisição da propriedade ocorreu dentro da legalidade:

“Nós adquirimos a fazenda em leilão judicial. Pagamos todos os impostos, quitamos as dívidas existentes, inclusive com a Condevaf, e registramos a propriedade com nova matrícula. Investimos em estudos técnicos, irrigação, drenagem, análise de solo. Eu afirmo com 100% de certeza: não há qualquer questionamento judicial ou do Incra sobre essa posse. A propriedade é nossa, de forma plenamente regular. Quem diz o contrário está mentindo ou tentando justificar o injustificável.”

Indagado sobre possíveis medidas judiciais e criminais, o procurador revelou os próximos passos:

“Identificamos mais de cinco crimes cometidos na ocasião. Já movemos ação de reintegração de posse com pedido liminar para desocupação imediata. Também acionamos a Polícia Civil, que está investigando as lideranças envolvidas. E, sim, vamos responsabilizar criminal e civilmente todos os envolvidos. A empresa estava prestes a iniciar um investimento de mais de R$ 10 milhões em cultura de cítricos — algo inédito na região. Isso iria gerar 300 empregos diretos e mais de mil indiretos. As mudas já haviam sido adquiridas. Estamos falando de um prejuízo imenso, e vamos cobrar por ele.”

Com relação à segurança, Douglas explicou a postura da empresa diante da tensão:

“Estamos impedidos de acessar a propriedade. Não queremos confronto direto, porque isso poderia terminar em tragédia. Por isso, confiamos nas autoridades para resolver a situação com rapidez. Mas o sentimento é de profunda revolta. Petrolina é referência nacional em regularização fundiária. Esse tipo de precedente é perigoso e pode comprometer o nosso modelo de desenvolvimento agrícola. Apenas o Estado pode arbitrar conflitos fundiários, não movimentos ou indivíduos armados agindo por conta própria.”

O procurador finalizou com uma mensagem contundente à sociedade:

“Não podemos naturalizar esse tipo de conduta. Nós vivemos em um Estado de Direito. A propriedade foi legalmente adquirida, está registrada em cartório, e não há qualquer processo de desapropriação em curso. Isso não é um debate sobre reforma agrária — é uma invasão violenta, arbitrária e ilegal. E isso, repito, pode acontecer com qualquer um. Precisamos defender a legalidade.”