Em entrevista realizada nesta terça-feira (19), Aristóteles Cardona, gerente de atenção à saúde do Hospital Universitário (HU), abordou a superlotação da unidade e a escassez de anestesiologistas, destacando os desafios enfrentados pelo hospital, que atende mais de 50 municípios, incluindo cidades dos estados de Pernambuco e Bahia.
Sobre a situação da superlotação, Aristóteles explicou que o HU chegou a uma taxa de ocupação de 175%. “A gente já tem superlotação com essa taxa de 175%. E é uma questão que não é nova, pois vemos uma região que cresce, mas sem o devido aumento na estrutura dos serviços de saúde. Isso precisa ser debatido de forma transparente”, afirmou.
O gerente também fez uma análise sobre a falta de anestesiologistas, um problema que ele considera tanto regional quanto nacional. “Hoje, temos um exemplo claro disso: um ouvinte nos contou que a esposa precisou de atendimento na maternidade, mas não havia anestesista disponível. Essa é uma situação que se repete em diversos lugares do Brasil.”
Aristóteles ressaltou que o problema da falta de profissionais de saúde não é algo que possa ser resolvido de forma pontual. “Os debates com o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação apontam para a necessidade de soluções nacionais. Não podemos esperar anos para resolver essa questão de forma emergencial”, explicou. Ele destacou também a colaboração com os estados de Pernambuco e Bahia para enfrentar a crise. “A secretária de Saúde de Pernambuco, Aline Zilda, e a secretária Roberta da Bahia foram as primeiras a visitar o HU, porque entendem que essa é uma questão que afeta toda a região.”
Além disso, Aristóteles mencionou as ações adotadas pela gestão do hospital para melhorar a situação. “Temos trazido anestesiologistas de fora em finais de semana e contratamos mais de 300 profissionais nos últimos meses. Também fizemos investimentos em equipamentos modernos, como uma nova máquina de radiografia e uma tomografia que será inaugurada em breve”, disse.
O gerente também falou sobre as estratégias em relação à anestesiologia e a ampliação do corpo de profissionais. “Estamos realizando processos seletivos e buscamos preencher as lacunas na nossa equipe de forma emergencial, embora o ideal seja que esse quadro seja preenchido por meio de concursos públicos.”
Por fim, Aristóteles reconheceu que a superlotação diária e a falta de leitos de retaguarda complicam ainda mais o atendimento. “Temos uma média de 30 a 40 pacientes entrando no hospital todos os dias. Não temos estrutura suficiente para lidar com esse volume de forma eficaz”, afirmou.
Ele também sugeriu que mais hospitais, especialmente os de trauma, são necessários para aliviar a pressão sobre o HU. “Se tivéssemos mais leitos de retaguarda, o hospital poderia funcionar de forma mais eficiente e teríamos menos pacientes nos corredores”, concluiu.