“As doenças inflamatórias autoimunes pioram com o frio”, diz reumatologista

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Médica reumatologista Ana Raquel Alencar. Foto: Moacir Santana

As dores nas articulações, também conhecidas como dor nas juntas ou artralgia (nome científico), podem indicar a presença de diversos problemas, podem ser transitórias ou inflamatórias crônicas, como artrite reumatoide, lúpus, espondilite anquilosante e artrose. 

A médica reumatologista, Ana Raquel Alencar, em entrevista ao programa Nossa Voz, reforçou a importância da avaliação profissional para iniciar o tratamento adequado. Ela ressalta que é necessário fazer a distinção entre artralgia e artrite. “Enquanto a artralgia refere-se apenas à dor relatada pelo paciente, a artrite envolve o inchaço das articulações, identificado por meio de exame clínico realizado por um médico. A presença de inchaço nas articulações geralmente indica um quadro mais progressivo e significativo, denotando uma doença crônica”.

A tendinite, por sua vez, é a inflamação dos tendões, que são estruturas articulares que conectam os músculos aos ossos. “Quando se experimenta dor e sintomas associados, a orientação para o paciente varia de acordo com a intensidade do caso. Em situações agudas, com poucos dias de duração, é recomendado procurar um serviço de saúde, como uma UPA ou posto de saúde, onde podem ser prescritos medicamentos anti-inflamatórios sintomáticos. Já em casos persistentes, especialmente quando há sintomas sistêmicos adicionais, como febre, perda de peso, manchas na pele e alterações em órgãos internos, como pulmão e rim, é aconselhável procurar especialistas, como reumatologistas ou ortopedistas, para uma avaliação mais aprofundada”, afirma.

Segundo Alencar, existem medidas preventivas que podem ajudar a reduzir as dores articulares. No caso de problemas relacionados às partes moles, como tendinites e bursites, a ergonomia desempenha um papel importante. Ela afirma que garantir um posicionamento adequado durante o trabalho e a prática de exercícios físicos corretamente podem ajudar a evitar essas dores.

O diagnóstico das doenças reumáticas varia de acordo com cada caso. Para problemas relacionados às partes moles, como tendinites agudas, exames de imagem, como ultrassom e, em alguns casos, ressonância, podem ser utilizados. Já para doenças crônicas inflamatórias, como lúpus e artrite reumatoide, exames de sangue, como marcadores inflamatórios e autoanticorpos, são empregados para auxiliar no diagnóstico. É importante ressaltar que cada doença possui sua própria investigação e critérios específicos.

Temperaturas frias

“As doenças inflamatórias autoimunes pioram com o frio, é uma característica, ocorre um maior  processo inflamatório na articulação”, explicou. Nas condições como artrose e tendinites, as dores mecânicas tendem a piorar quando a articulação é sobrecarregada, como no caso de idosos com artrose no joelho que sentem piora ao caminhar ou subir escadas. Por outro lado, em condições como lúpus e artrite reumatoide, a dor piora com o repouso e com o frio, sendo uma característica desses tipos de doença.Em casos de dores articulares, pode ser útil aplicar compressas quentes e adotar algumas medidas para aliviar a dor. No entanto, é importante ressaltar que o tratamento adequado é fundamental.

Ana Alencar informou que quando a doença está bem controlada, os sintomas tendem a entrar em remissão, ou seja, a doença está sob controle e os sintomas são reduzidos. “Existem critérios clínicos e laboratoriais utilizados para determinar a remissão. O objetivo é permitir que a pessoa viva com qualidade de vida, como se não tivesse a doença”, explicou.