“As últimas eleições vêm sendo uma vergonha para a classe trabalhadora”, diz presidente do STTAR Petrolina sobre novo impasse eleitoral

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O processo eleitoral do Sindicato dos Trabalhadores Assalariados Rurais de Petrolina (STTAR) ganhou mais um capítulo de tensão e incerteza. Pela segunda vez consecutiva, a eleição da entidade foi suspensa por decisão judicial, gerando repercussão entre os trabalhadores da categoria. A nova suspensão ocorreu a partir de questionamentos envolvendo o cumprimento de normas estatutárias.

Para esclarecer a situação, a atual presidente do sindicato, Maria Joelma, e o advogado da entidade, Dr. Fábio Dias, participaram de uma entrevista e rebateram críticas, além de trazerem novos detalhes sobre os bastidores da disputa interna.

Maria Joelma não poupou palavras ao criticar a condução do processo eleitoral e denunciar a gestão anterior, liderada por uma ex-presidente que, segundo ela, tenta voltar à cena sindical de forma oportunista.

“As últimas eleições vêm sendo uma vergonha para a classe trabalhadora. Há pessoas que passam três anos sem participar de nada: não vão a assembleias, não acompanham prestação de contas, nem mesa de negociação. Aí, do nada, aparecem só na época da eleição querendo denegrir a imagem de uma diretoria que veio para moralizar o sindicato”, declarou Joelma.

Ela também fez duras acusações contra a gestão anterior, apontando a contratação irregular de funcionários, ausência de carteira assinada e processos trabalhistas que resultaram em prejuízos financeiros à entidade.

“Mais de meio milhão de reais foram pagos em processos. Para um sindicato que vive da contribuição dos associados, isso é inaceitável. É uma irresponsabilidade enorme”, disse.

Joelma também mencionou denúncias de assédio moral e sexual ocorridas na gestão passada, destacando que esses casos foram de conhecimento público e prejudicaram a imagem da entidade.

Apesar do cenário conturbado, a presidente afirmou que, dentro das limitações enfrentadas, a atual gestão tem promovido melhorias. Entre elas, a criação de uma sala de reabilitação para trabalhadores que necessitam de fisioterapia, além da conquista de dois meses de licença para mães que estão em fase de amamentação — um direito que, segundo Joelma, nunca havia sido cumprido nem cobrado.

“A nossa gestão não vai se render a essa política sebosa, sem ética, que está sendo imposta por quem já prejudicou essa entidade no passado”, afirmou.

ASPECTOS JURÍDICOS: O QUE DIZ A DEFESA

Segundo o advogado do sindicato, Dr. Fábio Dias, a suspensão da eleição ocorreu por meio de uma liminar, e ainda não houve julgamento do mérito da causa. Ele explicou que o impasse gira em torno da validade de uma assembleia realizada em 8 de maio e de uma alteração estatutária feita em setembro de 2024, que pode não ter sido devidamente considerada pela Justiça.

“Tudo foi feito com base nas regras do estatuto vigente. No entanto, a Justiça recebeu informações baseadas em um estatuto que já está revogado. Isso gerou dúvidas legítimas e os juízes, com prudência, suspenderam o processo para apuração”, explicou.

Fábio também relatou dificuldades enfrentadas com o banco responsável pelo financiamento de um veículo utilizado pelo sindicato. Segundo ele, mesmo após diversas tentativas de contato e pedidos de regularização de pagamento, o banco não emitiu o boleto e, em vez disso, acionou judicialmente a entidade. O veículo foi apreendido, mas o sindicato já ajuizou uma ação de consignação em pagamento para resolver o impasse.

ELEIÇÃO ESTAVA MARCADA PARA O DIA 11

A eleição do STTAR estava agendada para esta terça-feira, 11 de junho. Com a suspensão determinada na véspera, a diretoria aguarda nova autorização judicial para remarcar o pleito.

“Cumprimos integralmente a decisão judicial. Estamos prestando os esclarecimentos solicitados e acreditamos que, em breve, será autorizada a nova data da eleição. Não temos dúvidas de que todo o processo foi conduzido dentro da legalidade”, finalizou o advogado.