“Às vezes a gente se depara com um cidadão que tem alguma posição social, política, ou tudo junto, que querem dar carteirada”, afirma Capitão de Portos de Juazeiro

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Em entrevista ao programa “Nossa Voz”, da Rádio Grande Rio Fm, na manhã desta terça-feira (20), o Comandante André Gonzaga Ribeiro, Capitão de Portos de Juazeiro, trouxe informações sobre a atuação da Marinha nas águas do Rio São Francisco aqui na região. 

Gonzaga relatou que a Marinha tem recebido reclamações sobre a falta de bóias de sinalização em áreas para banhistas nas ilhas de Petrolina e Juazeiro, além de inúmeros registros de imprudência por condutores de embarcações no Rio São Francisco, e ressaltou a necessidade de cuidados que donos de embarcações precisam ter, como: habilitação adequada para o tipo de veículo (como jet skis, lanchas), estar com embarcação em dia, e não beber ao conduzi-las. 

Durante a entrevista, o Capitão de Portos reforçou que a água não é um lugar sem lei, mas que infelizmente uma minoria de condutores de embarcações e motos aquáticas não respeitam as normas, colocando banhistas, familiares e até a própria vida em perigo, pois consideram que possuem mais direitos do que deveres. Sem mencionar nomes, o Comandante comentou ainda que algumas figuras públicas chegam a dar carteirada durante a atuação da Marinha. “Às vezes a gente se depara com um cidadão que tem alguma posição, seja ela social, política, ou tudo junto, que querem dar carteirada, confrontar os nossos inspetores navais, infelizmente tem esse tipo de pessoa, graças a Deus é uma minoria, mas acima de tudo isso é um problema de educação, cidadania, humanidade. Eu costumo falar que você com uma moto aquática, fazendo manobra próximo aos banhistas, está com uma arma na mão, pronto para matar ou ferir alguém gravemente, né?” 

Ao ser perguntado sobre as boias de sinalização para área de banhistas, Gonzaga explicou que a delimitação faz parte do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro da Marinha, mas é responsabilidade das administrações municipais e estaduais, ou seja, de quem possui gerência sobre as margens. Ele vem trabalhando no assunto com os representantes municipais de Petrolina e Juazeiro, desde que assumiu a Capitania de Portos, para avançar na delimitação desses espaços. “Em Juazeiro demos um passo importante já mapeando a área com seus representantes, com Corpo de Bombeiros, antes do carnaval recebi uma visita técnica da Prefeitura de Petrolina, já verificando essa essa situação, né? … O Zoneamento costeiro é uma lei federal, de baixo custo, e depende da gente conversar mais, trabalhar mais junto”. 

Gonzaga também explicou que há uma atuação diferenciada da Marinha e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes nas hidrovias. Por exemplo, a segurança do tráfego, salvaguarda da vida humana no rio e a prevenção de poluição hídrica causada por dispositivos náuticos é de responsabilidade da Marinha, enquanto a manutenção da sinalização da hidrovia é de responsabilidade do DNIT. “Nós temos hoje somente 20% das boias que deveriam estar no rio. Estamos numa situação em que muitos dos frequentadores do rio estão colocando as orientações próprias para poder, de alguma maneira, manter a segurança”.

Operação Verão

O Capitão de Portos informou que a fiscalização da Marinha nas hidrovias segue até o final de fevereiro, mas já pode considerar que houve um sucesso em comparação ao ano de 2023. “Somente no mês de janeiro aumentamos em 180% o número de embarcações abordadas, não tivemos nenhum acidente grave, fizemos parcerias com a Polícia Militar colocando uma base de fiscalização na Ilha do Maroto, e com isso conseguimos fazer uma fiscalização mais intensa”. 

Mesmo com as atividades da Marinha, a população também pode colaborar com a fiscalização do órgão levando denúncias para o telefone 185, tentando identificar da melhor maneira possível a embarcação que está fazendo a imprudência, para que haja aplicação de multa, que pode fazer o condutor ter a embarcação apreendida e a habilitação suspensa ou cancelada.