A promessa do Governo de Pernambuco de instalar 2 mil câmeras de videomonitoramento nas ruas do estado esbarrou em atrasos e divergências entre os envolvidos. Às vésperas de completar quatro meses da assinatura do contrato com a empresa Teltex Tecnologia S/A, apenas 47 equipamentos estão em operação — mesmo número registrado no período do Carnaval.
Segundo o cronograma divulgado pela Secretaria de Defesa Social (SDS), pelo menos 200 câmeras deveriam estar funcionando 30 dias após a assinatura do contrato, ocorrida em 17 de fevereiro. No entanto, essa meta não foi cumprida.
Em Petrolina, por exemplo, as câmeras da SDS foram desligadas ainda em dezembro de 2023, após o fim do contrato anterior, e até agora a cidade segue sem monitoramento ativo. A nova licitação visava a modernização do sistema, mas enfrenta entraves técnicos e institucionais.
Diante da situação, a governadora Raquel Lyra (PSD) comentou os atrasos e defendeu as ações do seu governo para reestruturar o sistema de segurança pública:
“E o que a gente tá fazendo também é uma transformação no investimento em inteligência e software. A gente fez um novo contrato de videomonitoramento, compramos equipamentos e software que estão ajudando a gente a poder garantir que nos últimos 13 meses, a gente tem redução de homicídio em Pernambuco e redução de crime contra o patrimônio.”
Raquel também destacou que a contratação da Teltex representou uma economia aos cofres públicos e substituiu um modelo antigo considerado ineficiente:
“A empresa que a gente contratou para fazer um novo monitoramento, é importante dizer, aqui existia um antes que não funcionava, era caro e não funcionava. A gente conseguiu reduzir o valor, contratamos a empresa, ela instalou 150 câmeras. Teve uma discussão interna sobre qual é o tipo de equipamento que pode ser utilizado, inclusive aprovado pela questão de segurança, do tipo de poste que ia ser colocado para poder colocar a câmera de videomonitoramento. Isso está sendo solucionado.”
“A empresa tá notificada pelo seu atraso e a gente espera que o mais rápido possível seja retomada a implantação e a gente tenha aqui mais segurança. Mas é importante dizer que a gente tem sistema de vídeo monitoramento em Pernambuco, todo mundo. A gente utiliza as câmeras de trânsito, as que são instaladas pelas prefeituras e as próprias da Polícia Militar. Tudo isso em centros de monitoramento integrados que permite a gente agir mais rápido, como a gente tá agindo aqui no São João de Petrolina.”
Raquel ainda garantiu que, mesmo com os obstáculos, o São João deste ano contará com um esquema especial de segurança:
“A gente tem aqui, não tenho dúvida nenhuma, teremos o São João mais seguro da nossa história. São mais de 3.600 lançamentos de Polícia Civil, Polícia Militar, todos a postos para garantir que são os nossos muros, como garantir que a população possa viver num lugar mais tranquilo.”
Impasse técnico
Enquanto o Governo culpa a empresa pelo atraso, a Teltex devolve a responsabilidade para a concessionária Neoenergia. Em nota, a empresa afirmou que todos os equipamentos foram entregues e instalados, mas ainda não foram energizados:
“É de pleno conhecimento da própria SDS e de todos os envolvidos no projeto que a ativação integral dos 200 pontos está condicionada à energização, cuja execução depende exclusivamente da Neoenergia, conforme cronograma que precisa ser estabelecido pela concessionária.”
Já a Neoenergia deu uma versão diferente, afirmando que a pendência está nas mãos da Teltex:
“Está com suas equipes técnicas preparadas para realizar o serviço, aguardando apenas a conclusão, por parte da Teltex, das adequações necessárias de segurança nos postes onde os equipamentos serão instalados.”
A empresa acrescenta que mantém, desde fevereiro, contato permanente com a Teltex para viabilizar a ligação das câmeras “da forma mais rápida, eficiente e segura possível”.
Enquanto o impasse não é resolvido, cidades como Petrolina continuam desprotegidas no que diz respeito ao monitoramento eletrônico — justamente num dos períodos mais movimentados do ano.