Pipeiros que trabalham na distribuição de água para municípios nordestinos enfrentam dificuldades devido ao atraso nos pagamentos da Operação Carro-Pipa, programa gerido pelo Governo Federal. Sem receber desde dezembro de 2024, os profissionais ameaçam interromper o serviço caso a situação não seja regularizada até a próxima semana. A informação foi divulgada pela coluna de Carlos Madeiros, no UOL.
Em entrevista ao Nossa Voz, Avelange, pipeiro do município de Cabrobó, em Pernambuco, desabafou sobre a situação crítica: “É, o que me leva ao questionamento é sobre o atraso da operação carro-pipa. A gente pode parar porque não tem possibilidade da gente bancar a operação carro-pipa não. Já são 90 dias sem receber dinheiro.”
Segundo Avelange, os trabalhadores têm arcado com os custos da operação: “Estamos bancando a operação carro-pipa, então a gente vai parar porque não tem nenhuma possibilidade da gente poder rodar mais não.”
A situação afeta diretamente os estados de Alagoas, Rio Grande do Norte e Pernambuco, onde milhares de famílias dependem do fornecimento de água realizado pelos caminhões-pipa. Em fevereiro, a Operação Carro-Pipa atendeu 1.387.314 pessoas em 392 municípios de oito estados, mobilizando 2.834 pipeiros.
O Governo Federal atribui o atraso ao processo de aprovação do orçamento de 2025 e a um decreto de contingenciamento. Até o momento, o Congresso Nacional não aprovou o orçamento, justificativa utilizada pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para a falta de repasses.
Em 2024, o valor estimado para a operação foi de R$ 696 milhões. Desse total, R$ 626 milhões foram empenhados e R$ 497 milhões efetivamente pagos. O orçamento previsto para 2025 ainda não foi divulgado.
Enquanto isso, comunidades do semiárido nordestino vivem a incerteza sobre o abastecimento de água, um serviço essencial para a sobrevivência em regiões historicamente afetadas pela seca. A continuidade da Operação Carro-Pipa depende, agora, da resolução do impasse financeiro e da liberação de recursos federais.