A sessão da Câmara de Petrolina, nesta terça-feira (28), foi marcada por fortes críticas à Compesa e um acalorado embate político entre vereadores da base do governo municipal e o aliado da governadora Raquel Lyra, Ronaldo Silva. Apesar das divergências, o Requerimento nº 611/2025, de autoria do líder do governo, vereador Diogo Hoffmann, foi aprovado por 15 votos a 1 e vai resultar na realização de uma audiência pública para tratar da constante e agravante falta de água em diversos bairros e comunidades rurais do município.
O requerimento solicita que sejam convidados para a audiência o gerente regional da Compesa, Alexsandro Chaves; a promotora de Justiça, Ana Paula Cardoso; o presidente da ARMUP, Rubem Franca; o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Darcílio Almeida; e o presidente da CUBAPE, Pedro Caldas.
O autor do requerimento, Diogo Hoffmann, abriu a discussão classificando sua proposta como “um pedido de socorro” diante da situação que, segundo ele, “tomou conta de toda a cidade”.
“O desespero tá tomando conta do centro, da periferia, da área ribeirinha, da área de sequeiro, do projeto de irrigação. Tá faltando água na cidade toda. Quem tem sede tem pressa”, afirmou o líder do governo.
O vereador Wanderley Alves foi um dos primeiros a apoiar a proposição, criticando o que chamou de omissão da Compesa diante das cobranças.
“Todos os dias cobramos solução e parece que entra por um ouvido e sai pelo outro. Tem comércio que não funciona, escolas que reduzem horário e unidades de saúde que fecham por falta de água. É um caos”, desabafou.
Único voto contrário
Na contramão da maioria, o vereador Ronaldo Silva — aliado da governadora Raquel Lyra — classificou a audiência como “inútil e politicagem”, defendendo que o debate seja levado diretamente ao governo estadual. “Audiência pública não resolve nada. O que tem que fazer é ir a Recife, cobrar da Compesa e da governadora. Os investimentos estão chegando, são 100 milhões de reais. Vamos trabalhar, não fazer blá-blá-blá aqui”, ironizou.
A fala provocou reação imediata dos colegas. Os vereadores Aero Cruz e Capitão Alencar rebateram o discurso e ironizaram a postura de Silva.O vereador Ronaldo Cancão, da base governista, subiu o tom ao defender o requerimento e acusar o governo estadual de negligência com Petrolina. “Eu teria vergonha de falar que o governo do estado está investindo em Petrolina. Não investiu nada. O que vemos é incompetência. Falta água na cidade inteira, escolas liberando alunos por falta de água. É vergonhoso, é imoral”, afirmou.
O líder da oposição, Gilmar Santos, votou a favor da audiência, mas rebateu as críticas direcionadas apenas ao governo atual. “O problema do saneamento vem de longe. Quando o senhor Fernando Bezerra era ministro, foram 60 milhões investidos no Henrique Leite, e o superintendente da Codevasf à época disse que a obra foi malfeita. Então, vamos fazer uma auditoria, porque responsabilidade existe em todos os lados”, defendeu.
Próximos passos
Com a aprovação do requerimento, a Câmara Municipal de Petrolina deverá definir data e horário da audiência pública, que reunirá representantes da Compesa, do Ministério Público, de órgãos municipais e da sociedade civil para discutir medidas emergenciais e estruturais diante da crise de abastecimento de água que afeta o município.
