Na manhã desta terça-feira (11), o programa Nossa Voz recebeu Fabrício Olinda, chefe da Divisão de Gestão do Cuidado e Apoio Diagnóstico Médico do Hospital Universitário de Petrolina. Durante a entrevista, ele apresentou um balanço alarmante sobre o crescente número de vítimas de acidentes terrestres atendidas na unidade.
“Em nosso hospital, em 2024, tivemos 10.436 notificações de vítimas atendidas no serviço, das quais 77,4%, ou seja, 8.081 pacientes, foram vítimas de acidentes com motos. Esse aumento em relação a 2023 foi de 24% para acidentes com motos e de 20% para outros tipos de acidentes terrestres. Estamos vendo um crescimento gradual a cada ano”, relatou Fabrício Olinda.
O perfil das vítimas também foi analisado e, segundo o levantamento do hospital, a maioria é composta por homens jovens.
“Nosso hospital é um Hospital sentinela de notificação e conseguimos perceber um padrão nesses acidentes. Cerca de 70% das vítimas são do sexo masculino, na faixa etária de 20 a 39 anos. Além disso, os acidentes acontecem com maior frequência nas sextas, sábados e domingos, embora a diferença em relação aos outros dias da semana não seja muito grande”, explicou.
A preocupação se intensifica nos meses festivos, como dezembro, quando o número de acidentes aumenta ainda mais.
“No mês de dezembro de 2024, tivemos 1.032 acidentes terrestres registrados, e desses, 90% envolveram motos. Isso mostra que, em períodos festivos como Natal e Ano Novo, os acidentes aumentam significativamente, causando ainda mais pressão sobre o hospital”, alertou Olinda.
Superlotação e Desafios
Com a alta demanda por atendimento, a superlotação é uma realidade constante no Hospital Universitário, que atende 53 municípios da região.
“Desde 2015, nossa taxa de ocupação sempre esteve acima de 100%, mas em 2024 fechamos o ano com uma taxa de 141,7%. Hoje, por exemplo, estamos com 145%, o que significa que temos 67 pacientes a mais do que nossa capacidade. Temos 148 leitos ativos e, com essa superlotação, pacientes acabam nos corredores, o que impacta a qualidade do atendimento e aumenta os riscos de segurança para todos”, destacou o chefe da divisão.
Mesmo diante dessas dificuldades, Fabrício Olinda enfatizou que os profissionais da unidade seguem prestando atendimento de excelência.
“Nossa equipe se esforça para garantir um atendimento de qualidade, mas precisamos de mudanças e melhorias nos fluxos de assistência para minimizar os impactos da superlotação”, afirmou.
Parcerias e Conscientização
Para enfrentar essa crise, o hospital tem buscado parcerias com órgãos municipais e estaduais, tanto para melhorar a estrutura de atendimento quanto para promover campanhas educativas no trânsito.
“Estamos trabalhando junto às autoridades para conscientizar a população sobre a importância da segurança no trânsito. Participamos de palestras e divulgamos dados para que os motoristas e motociclistas entendam a gravidade da situação. A solução não depende só do hospital; é necessária a participação de toda a sociedade”, pontuou.
Investimentos e Limitações
Sobre ampliação da estrutura, Fabrício Olinda destacou que há melhorias previstas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas o espaço físico da unidade é um desafio.
“Desde a gestão anterior e agora sob a liderança do professor, conseguimos contratar mais de 300 profissionais. No entanto, temos limitações físicas que impedem a expansão dos leitos. O PAC trará melhorias na área cirúrgica e no setor de esterilização de materiais, mas, para ampliar o número de leitos, precisamos de um esforço conjunto entre governo federal, estadual e municipal”, explicou.
Por fim, ele reforçou a importância da prevenção para reduzir os números alarmantes de acidentes.
“Precisamos que cada cidadão faça sua parte. A imprudência no trânsito tem consequências graves, e os dados mostram isso. Que essas informações sirvam de alerta para todos que utilizam as vias de Petrolina”, finalizou.