Desde que chegamos nesta Diocese de Juazeiro temos acompanhado com indignação a situação da comunidade de Angico dos Dias, no município de Campo Alegre de Lourdes, que sofre os efeitos da presença da Mineradora Galvani e seu desrespeito à população local e ao meio ambiente. Associado a esse drama, que perdura há mais de quinze anos, surgiram nos últimos anos grileiros invadindo área de comunidades de fundo de pasto. Estes chegam com “documentos” negando o direito à terra de quem vive em espaços sacralizados pela convivência harmoniosa, pelos firmes passos e pelo trabalho dos seus antepassados.
Nestes últimos dias a situação tem se agravado com invasão de áreas dessas comunidades tradicionais, uma das mais belas expressões de vida comunitária e coletivismo que conheço, e o recurso à violência com armas de fogo ferindo três pessoas neste último sábado. Nossa Diocese através de membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT) tem se colocado desde o início ao lado dessas populações e desde ontem tem se posicionado mais diretamente ao seu lado, prestando assessoria jurídica e cobrando das autoridades que o Direito e a Justiça prevaleçam e os culpados, seus mandantes e parceiros sejam devidamente afastados e punidos com a severidade da Lei.
Cremos firmemente que as autoridades constituídas em todas as esferas, no seu dever de atuarem no “campo da caridade mais ampla, a caridade política” (Papa Francisco), têm a tarefa de ouvir as populações em questão e tomarem a defesa dos seus direitos inalienáveis. Toda indiferença e ou postergação de medidas urgentes e firmes poderá soar como pacto com os que semeiam a morte movidos pela ganância e maldade.
Às famílias e comunidades atingidas, nosso apoio e solidariedade em nome de toda a Igreja Particular de Juazeiro. Que a Mãe de Deus, Senhora das Grotas, que nestes dias celebramos com especial devoção, interceda por todos para que permaneçam firmes na resistência e para que seja ouvida sua voz e suas justas reivindicações.
Dom Beto Breis – Bispo da Diocese de Juazeiro/BA