Não é de hoje que as relações internas no União Brasil (UB), partido fruto da aglutinação dos antigos DEM e PSL, têm andado estremecidas. Nas eleições estaduais de 2022, o deputado federal e presidente nacional da legenda, Luciano Bivar, chegou a dizer que a sigla apoiaria a então candidata ao Governo de Pernambuco pelo Solidariedade, a ex-deputada federal Marília Arraes, um posicionamento que foi fortemente rechaçado pelos próprios correligionários em uma polêmica nota repleta de críticas. Posteriormente, o partido decidiu por lançar ao Palácio do Campo das Princesas o nome do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, derrotado ainda no primeiro turno.
Desde então, o atrito dentro do grupo só tem aumentado e, nos bastidores, não são poucos os relatos de “autoritarismo” por parte de Bivar, com alguns partidários chegando até a ironizar a situação, chamando a legenda de “Desunião Brasil”.
Um novo capítulo dessa novela se desenhou ao longo da última terça-feira (4), quando da votação para a escolha do novo presidente do diretório estadual do partido. A disputa foi travada entre o ex-ministro da Educação e deputado federal Mendonça Filho, nome tradicional na política estadual; e Marcos Amaral, indicado por Luciano Bivar ao cargo e aliado histórico do presidente nacional da legenda.
Amaral saiu vitorioso com 59 votos contra 19 de Mendonça. Um detalhe, porém, anulou o resultado da convenção partidária: o desembargador da 6ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco entendeu como “irregular” o processo de escolha do novo dirigente estadual do partido.
Já antecipando o resultado, a ação foi movida pela chapa “Pernambuco do Bem”, que faz oposição a Luciano Bivar dentro do próprio partido. Entre os que pediram a anulação estão o próprio Mendonça Filho, Miguel Coelho, e o atual prefeito de Petrolina, Simão Durando, além da prefeita de Bezerros, Lucielle Laurentino.
“Democracia partidária pressupõe respeito ao estatuto partidário e participação a partir de um processo que seja absolutamente transparente. Quando a gente não tem transparência, a gente recorre à justiça para que o processo, de fato, seja plenamente democrático”, disse o deputado federal Mendonça Filho em conversa com a reportagem do Diario de Pernambuco.
O ex-ministro alegou ainda que “o colégio eleitoral foi inflado com mais de 40 diretórios estaduais criados de forma irregular”, o que, segundo ele, teria sido determinante no resultado avassalador da votação.
(Diário de Pernambuco)