Bolsonaro comenta derrota de apoiadores nas eleições municipais: “Fiz carreata para alguém?”

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Presidente Jair Bolsonaro participa da Cerimônia de Comemoração ao Dia Internacional do Voluntariado.
(Foto: Agência Brasil/Reprodução)

O presidente Jair Bolsonaro reagiu com irritação, ontem (29), ao ser questionado sobre o baixo desempenho de candidatos apoiados por ele nas eleições municipais. Dos sete postulantes a prefeito em capitais respaldados pelo chefe do Executivo, apenas dois avançaram para o segundo turno — Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, e Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza —, mas também não se elegeram.

“Fiz carreata para alguém, comício para alguém, passeata para alguém?”, disparou. “Eu, discretamente, emprestei meu nome para alguns candidatos. O povo decidiu. Não tem que discutir isso aí”, emendou ele, que foi ao Rio de Janeiro para votar.

Bolsonaro argumentou que o quadro político muda a cada dois anos e que “não existe derrota para A, B ou C”. “Em 2016, em São Paulo, Doria (governador do estado, João Doria) foi eleito em primeiro turno, uma coisa rara de acontecer em São Paulo, apoiado pelo Alckmin (Geraldo). Em 2018, Alckmin nem foi para o segundo turno. Então, a cada dois anos, o quadro muda. Não existe derrota para A, B ou C. Nós vamos ter novos pleitos”, ressaltou.

Segundo o presidente, em pequenos municípios, é difícil fazer campanha, uma vez que todos se conhecem. “Não há aquele clamor e não adianta fazer campanha para município pequeno porque ali todo mundo se conhece, e a pessoa é eleita de acordo com a vida pregressa e o entendimento de cada um lá.”

Críticas ao sistema eleitoral

O chefe do Executivo aproveitou para questionar novamente o sistema eleitoral. Segundo afirmou, no pleito presidencial de 2018, houve reclamações de eleitores que tentavam votar nele, mas não conseguiam porque a tecla “estaria colada”. O mandatário, no entanto, não apresentou provas. “Pode ser que alguma reclamação não proceda, mas são demais. Na minha eleição, em 2018, só entendo que fui eleito porque tive muito, mas muito voto. Agora, tinha reclamações que o cara ia votar no dia 17 e não conseguia votar, mas votava no 13”, disse.

“O que aconteceu em muitas sessões: vão querer que eu prove. É sempre assim. O cara botava um pingo de cola na tecla 7 e, aí, você não votava no 17. Isso é um tipo de adulteração, de forçação de barra. Mas, a confiança no voto eletrônico, basta você ver em outros países. Onde essa forma de votação é feita? Basicamente, no Brasil. Então, a partir desse momento, você tem que ter uma forma ou outra mais confiável para votar.”

Ele voltou a prometer a apresentação de provas de que houve fraude nas eleições de 2018. Ele justificou ser “impossível” que estivesse quase empatado na época com Fernando Haddad (PT). Em março, o presidente já havia dito que mostraria os indícios de ilegalidades no pleito, mas não o fez. “Tenho ouvido falar sobre possível fraude. Pretendo, brevemente, mostrar a vocês. Vamos mostrar para vocês a apuração, minuto a minuto, que acontecia no TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”, destacou.

“Era alternado em duas horas. No primeiro minuto, eu ganhei. No segundo minuto, Haddad ganhou e, assim, intercalando. Estatisticamente, isso é impossível. É a mesma coisa de eu contar os grãos de areia do Copacabana agora. Quantos grãos de areia tem lá? Isso tem de deixar de existir”, frisou.

O chefe do Planalto insistiu no voto impresso para a próxima corrida presidencial, alegando que “ninguém põe a mão”. “Queremos confirmar o digital com o papel. O TSE tem obrigação de entregar, em nome da transparência, porque temos de buscar uma maneira de tirar da cabeça do povo a dúvida de possíveis fraudes nas eleições”, argumentou. (Diário de Pernambuco)