Brasil deve ter 12 mil novos casos de linfoma não Hodgkin neste ano, estima Inca

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Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) indicam que o Brasil deverá fechar 2023 com 12.040 novos casos de linfoma não Hodgkin -6.420 em homens e 5.620 em mulheres. A estimativa é a mesma para 2024 e 2025.
 

O cantor Jorge Aragão foi diagnosticado com a doença. A assessoria de imprensa do artista confirmou a informação neste sábado (15), mas não disse qual o subtipo. Segundo o Inca, esse tipo de câncer compreende mais de 50 neoplasias diferentes com origem nas células brancas do sangue (linfócitos).
 

O linfoma não Hodgkin é o oitavo tipo de tumor mais frequente, sem considerar os de pele não melanoma, de acordo com o Inca.
 

O que é linfoma não Hodgkin?
 

Linfomas são tumores que se originam nos gânglios linfáticos, que são conglomerados de células de defesa (linfócitos). Eles vêm em múltiplos tipos. A primeira divisão que se faz é entre linfoma de Hodgkin e não Hodgkin.
 

Os linfomas não Hodgkin são uma família de tumores -mais de 50 subtipos, segundo o Inca. O difuso de grandes células B e os foliculares são os mais comuns. “Dentro desse grupo de tumores tem várias entidades com comportamentos clínicos, epidemiologia e tratamentos próprios”, explica Vladimir Cordeiro de Lima, oncologista clínico do A.C. Camargo Câncer Center.
 

A doença é grave?
 

Depende. Alguns são muito agressivos e outros indolentes, que crescem e se espalham lentamente. É o caso do folicular. Dependendo do tipo de linfoma e da idade do paciente, não precisa ser tratado de imediato, apenas acompanhado.
 

“Alguns são muito curáveis e outros incuráveis. Normalmente os indolentes não são curáveis, e a gente só trata no momento em que a doença começa a dar sintomas. Outros tipos, como o linfoma difuso de grandes células B, o linflobástico, o linfoma de Burkitt são mais agressivos e devem ser tratados. Normalmente, os linfomas indolentes são menos graves”, explica Lima.
 

O linfoma não Hodgkin é mais comum em qual faixa etária?
 

Pode acometer todas as idades. A maior parte dos linfomas não Hodgkin afeta adultos acima de 40 anos e idosos, mas alguns são mais prevalentes em crianças, adolescentes e adultos jovens. Os linfomas indolentes tendem a ser mais comuns em pessoas acima de 50 anos.
 

Segundo Paulo Hoff, oncologista da Rede D’Or, esse tipo de linfoma tem tido uma incidência crescente nas últimas décadas.
 

Quais os sintomas do linfoma não Hodgkin?
 

O sintoma mais comum entre todos os linfomas é o aumento de um gânglio linfático (íngua). São indolores. Além disso, atenção à febre persistente, na casa dos 38ºC, e sudorese excessiva à noite, perda de peso e alterações hematológicas. Pode haver outros sintomas, a depender do órgão que o linfoma afetar.
 

“Qualquer linfonodo, principalmente se for indolor, que aumenta progressivamente e persiste além de um mês deverá ser investigado. A febre, a perda de peso e a sudorese acontecem em cerca de 30% dos pacientes. A maior parte não terá”, diz Lima.
 

O aumento dos gânglios linfáticos pode ocorrer em quais regiões do corpo?
 

Caroços podem se formar onde você tem os gânglios linfáticos. A priori, as regiões mais comuns são o pescoço, a virilha, as regiões inguinal e cervical, sob os braços. Também podem surgir em locais como o mediastino –região entre os dois pulmões– e atrás dos joelhos.
 

Algumas vezes, os linfomas não Hodgkin acometem outros órgãos, que não os linfonodos. É o caso das amígdalas, o baço, o fígado, com estruturas equivalentes aos linfonodos.
 

Qual o tratamento?
 

Depende do tipo de tumor. Normalmente, é tratável com quimioterapia e imunobiológicos, com grande sucesso. De acordo com Hoff, a taxa de cura de linfomas não Hodgkin é muito alta. Raramente, é preciso radioterapia ou cirurgia. “É claro que tem exceções, mas é um tumor muito responsivo a tratamento sistêmicos”, afirma o oncologista da Rede D’Or.
 

“Pessoas mais jovens têm mais facilidade para receberem tratamentos mais agressivos, porque têm mais reservas biológicas, mas conforme envelhecem o organismo tem mais facilidade de lidar com o tratamento. A idade é um critério incluído, mas não se torna uma coisa dramática. A maior parte dos pacientes com linfoma consegue se curar, a depender da idade. E isso é muito bom”, completa Hoff.
 

Quais os fatores de risco para o linfoma não Hodgkin?
 

De acordo com Hoff, a maior parte dos linfomas não está associada a um fator de risco muito claro, mas há algumas síndromes familiares e viroses que podem estar ligadas com o desenvolvimento da doença, como é o caso de algumas hepatites e o vírus HIV.
 

Segundo o Inca, também há entre os fatores de risco o sistema imune comprometido em razão de
 

doenças genéticas hereditárias, transplante de órgãos, doenças autoimunes, uso de drogas imunossupressoras, presença do vírus Epstein-Barr (EBV), do vírus linfotrópico de células-T humanas do tipo 1 (HTLV-1) ou da bactéria Helicobacter pylori. Ter parentes de primeiro grau com linfoma aumenta o risco de desenvolver a doença. (Fonte: Folhapress) (Foto: Divulgação)