O Brasil, que este mês detém a presidência do Conselho de Segurança nas Nações Unidas, está terminando o processo interno de consultas para apresentar, possivelmente nos primeiros dias desta semana — talvez nesta segunda —, um projeto de resolução sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Segundo fontes diplomáticas ouvidas pelo Globo, o texto está muito avançado e a expectativa do governo brasileiro é conseguir sua aprovação com o apoio da maioria dos 15 membros do conselho — dos quais cinco são permanentes e têm direito a veto (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França). Uma resolução se aprova com pelo menos 9 votos a favor, e não pode sofrer vetos.
O Brasil, assim como outros nove países (Albânia, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça), é membro rotativo. Uma das últimas versões preliminares do texto, confirmaram as fontes consultadas, enfatiza a firme condenação e rechaço aos atos terroristas cometidos pelo Hamas, em 7 de outubro, no sul de Israel. Esse é considerado um dos pontos mais importantes do documento, já que a não menção do grupo terrorista tornaria inviável o apoio dos EUA, Reino Unido e França, importantes aliados de Israel no conflito.
Fontes do governo brasileiro admitiram que a inclusão do Hamas no texto foi considerada essencial para conseguir a adesão de três dos cinco membros permanentes do conselho. A proposta de resolução da Rússia, que não tem chance alguma de passar — o que os diplomatas russos sabem perfeitamente — não menciona o Hamas. O documento russo não passou por um processo de consultas internas, trata-se de uma iniciativa unilateral do governo de Vladimir Putin.
Em outro ponto do texto, ainda sendo negociado — o que acontece até os últimos momentos antes de uma eventual apresentação da proposta —, se faz um apelo urgente para que as autoridades de Israel recuem em seu ultimato dado a civis e integrantes de agências das Nações Unidas para abandonarem regiões da Faixa de Gaza — principalmente no norte.
Outro ponto importante é o que fala sobre o pedido de cessar-fogo. Nas últimas versões, o cessar-fogo está associado a uma necessidade humanitária, sobretudo de abertura de um corredor para que entrem alimentos, medicamentos e ajuda internacional à Faixa de Gaza.
Fonte: Folha PE