A sessão desta quinta-feira (3) na Câmara de Vereadores de Petrolina foi marcada por fortes debates políticos e divergências ideológicas em torno da aprovação do Projeto de Decreto Legislativo nº 025/2025, de autoria do vereador Dhiego Serra. A proposta, que concede a Medalha de Honra ao Mérito Legislativo Dom Malan ao ex-presidente Jair Bolsonaro, foi aprovada pela maioria dos parlamentares, mas não sem polêmica.
Na justificativa do projeto, Dhiego Serra argumenta que a honraria reconhece os “relevantes serviços prestados” por Bolsonaro ao município durante seu mandato presidencial (2019-2022). O parlamentar destacou obras como a construção dos viadutos da Avenida 7 de Setembro, a duplicação das BRs 428 e 407, a entrega do Projeto Pontal Sul e investimentos em pavimentação, habitação, saúde e agricultura irrigada. “É inegável que estes investimentos consolidaram Petrolina como um polo de desenvolvimento no Sertão do São Francisco”, afirmou Serra.
Entretanto, a proposta provocou forte reação da oposição, especialmente do vereador Gilmar Santos (PT), que condenou a homenagem com um discurso contundente. Para ele, Bolsonaro representa um retrocesso à democracia e à dignidade humana. Gilmar lembrou declarações polêmicas do ex-presidente, como o episódio envolvendo a deputada Maria do Rosário, e acusou Bolsonaro de incitar a violência contra mulheres. “Bolsonaro é o presidente da pandemia. Mais de 700 mil pessoas morreram, sendo que pelo menos 400 mil poderiam estar vivas, segundo estudos, se ele não tivesse sabotado as medidas de prevenção”, afirmou.
O vereador Gaturiano Cigano optou por se abster da votação.
Do outro lado, vereadores da base governista e aliados de Serra defenderam a medida e minimizaram as críticas. O vereador Gabriel Menezes, que já integrou a oposição e hoje compõe a situação, reforçou a legitimidade do voto. “Se eu votei em Bolsonaro para presidente, não tem problema votar numa medalha. Já votei em Lula, já votei contra Miguel, e vou votar em Miguel. Isso é democracia”, disse, destacando que debates acalorados como esse não devem apagar o trabalho legislativo da Casa.
A vereadora Cláudia Ferreira também votou favoravelmente e ressaltou sua postura de respeito aos colegas, mesmo diante de opiniões divergentes. “Seja no governo Lula ou Bolsonaro, a minha responsabilidade com o povo sempre será muito grande”, disse. Aero Cruz, por sua vez, chamou atenção para o que classificou como “radicalismo” nas críticas, defendendo o direito de cada vereador votar conforme sua consciência e convicção.
Com votos favoráveis da maioria e apenas um voto contrário, o de Gilmar Santos, o Projeto de Decreto Legislativo foi aprovado, selando mais um capítulo do embate político que marca o cenário local e nacional.
