Durante a sessão desta quinta-feira (24), a Câmara de Vereadores de Petrolina foi palco de intensos debates sobre a situação da saúde pública no município. Parlamentares governistas e de oposição divergiram quanto à responsabilidade por falhas e avanços, com críticas cruzadas envolvendo a Prefeitura de Petrolina e o Governo do Estado de Pernambuco.
O vereador Zenildo Nunes, do Alto do Cocar, saiu em defesa da gestão municipal, exaltando o trabalho do secretário de Saúde João Luiz e rechaçando críticas de colegas. Em tom indignado, ele acusou o Governo do Estado de negligenciar pacientes que realizaram transplante de rim e estão há mais de um mês sem receber a medicação imunossupressora essencial para evitar a rejeição dos órgãos. “Esses pacientes são pobres e vão morrer. A farmácia do Estado não tem a medicação”, afirmou.
Já o vereador Dhiego Serra apontou falhas na administração municipal. Ele denunciou que a Prefeitura estaria usando um sistema privado — o “Sistema Viver” — no lugar do gratuito e oficial ESUS, gerando um custo de mais de R$ 4,6 milhões aos cofres públicos. Segundo ele, os recursos poderiam ser destinados à compra de medicamentos e melhorias em UBSs. Serra citou como exemplo a unidade do bairro Ouro Preto, que estaria sucateada, com mato tomando conta e estrutura precária. “Com esse valor, daria para reformar todas as 57 UBSs do município”, argumentou.
Em resposta, o líder do governo na Casa, vereador Diogo Hoffmann, elencou investimentos recentes feitos pela Prefeitura, como a aquisição de R$ 3 milhões em medicamentos, a entrega da Casa Azul para atendimento ao público autista, a realização de mais de 20 mil procedimentos no Hospital Municipal e a implantação de sete novas UBSs. Ele também criticou a situação da UPA-E de Petrolina, de gestão estadual, que estaria com estrutura comprometida, exames atrasados e sem licitação para gerenciamento. “Enquanto o município reduz filas, o Estado marca exame para abril de 2026”, ironizou.
O embate ganhou tom mais político com a fala do vereador Ronaldo Silva, que responsabilizou gestões anteriores ligadas ao PSB — hoje aliado da prefeitura — pela falta de um projeto executivo para a construção do Hospital Regional. Segundo ele, a governadora Raquel Lyra tem avançado onde há planejamento, como em Garanhuns, onde deu ordem de serviço para construção de um novo hospital. Ele criticou ainda a tentativa de transferir responsabilidades para o Estado. “Aprendam a lição: não façam piquenique com a barraca dos outros”, disparou Silva.