A Associação de Mergulhadores do Vale do São Francisco e o grupo “Guarda-Vidas Anjos do Rio” acusaram a Marinha do Brasil de impedir uma ação de limpeza no Rio São Francisco, planejada para o último domingo, 1º de dezembro. A atividade, organizada em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), tinha como objetivo retirar resíduos das margens e do leito do rio. Em resposta, a Capitania dos Portos de Juazeiro esclareceu os critérios que levaram à não autorização do evento, destacando a necessidade de garantir a segurança dos participantes e usuários do rio.
O capitão André Gonzaga, responsável pela Capitania dos Portos em Juazeiro, explicou durante uma entrevista que a decisão foi baseada em normas de segurança marítima. Ele ressaltou que a Marinha não recebeu as informações necessárias dentro do prazo exigido para avaliar a viabilidade do evento.
“Qual o preço de uma vida? Não tem preço. Nosso papel é assegurar a salvaguarda da vida humana, que é uma das nossas principais atribuições. A associação nos procurou fora do prazo necessário para análise e, além disso, não apresentou as informações básicas, como plano de evacuação médica, lista de embarcações e tripulantes habilitados, entre outros requisitos indispensáveis. Diante disso, fomos obrigados a emitir um parecer desfavorável,” afirmou o capitão.
Gonzaga também pontuou que não houve intenção de inviabilizar o evento, mas destacou que normas existem para garantir a segurança de todos. “Nós participamos de diversos eventos náuticos no Rio São Francisco ao longo do ano. Quando as exigências são cumpridas, a Marinha apoia integralmente. No entanto, é inviável autorizar ações que não sigam as regras, porque qualquer incidente pode ter consequências graves,” acrescentou.
Normas e Prazos
O capitão detalhou os procedimentos necessários para a realização de eventos náuticos. “Para qualquer atividade no rio, é preciso que os organizadores comuniquem previamente a Capitania, preferencialmente com 15 dias de antecedência, e apresentem informações como um plano de evacuação médica, a lista de embarcações devidamente cadastradas, os equipamentos de segurança disponíveis, e um trajeto sinalizado. Tudo isso é fundamental para garantir a integridade dos participantes e de outros usuários do rio,” explicou.
Ele também rebateu críticas de que as exigências seriam “absurdas.” “Pedir equipamentos de segurança, como coletes salva-vidas e sinalizadores, ou exigir tripulantes habilitados não é absurdo, mas sim necessário. Nosso objetivo é evitar tragédias,” enfatizou.
Operação Verão
Durante a entrevista, o capitão mencionou a Operação Verão, que está em curso desde o início de dezembro e seguirá até o Carnaval de 2024. A iniciativa visa intensificar a fiscalização e a segurança nas atividades aquáticas em toda a região.
“A Operação Verão é um esforço concentrado para garantir que todos aproveitem o rio com segurança. Realizamos inspeções em embarcações, orientações a navegantes, e monitoramos eventos que acontecem nas áreas sob nossa jurisdição. A ideia é prevenir acidentes, principalmente durante o período de maior movimento,” explicou Gonzaga.
O capitão destacou que a Marinha segue aberta ao diálogo e à orientação de organizadores de eventos náuticos. “Estamos à disposição para ajudar, orientar e contribuir com qualquer atividade que respeite as normas. A porta da minha sala está sempre aberta para a sociedade,” concluiu.
Ele também revelou a intenção de ampliar o alcance da operação por meio de parcerias com outras forças de segurança. “Estamos avaliando a possibilidade de firmar parcerias com a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) e o Corpo de Bombeiros para reforçar a segurança na região, principalmente nas áreas de maior fluxo de pessoas e embarcações,” afirmou.
A Operação Verão conta com a atuação de cerca de 30 militares da Capitania dos Portos de Juazeiro, que também gerencia uma agência subordinada. O trabalho inclui fiscalização de embarcações, eventos e atividades recreativas na região do São Francisco.