Cardeal da Guiné é aposta conservadora para primeiro papa negro

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Como o conclave da Igreja Católica costuma atrair a atenção até mesmo de ateus, um olhar superficial que não leva em conta discussões propriamente religiosas pode ver o cardeal da Guiné, Robert Sarah, como um nome pronto para mudar a face do Vaticano, pelo fato de ser negro e africano.
 

Não há um papa vindo da África desde Gelásio 1º, que morreu em 496, e não há registro de pontífices negros na história, apesar de não haver certeza sobre a raça de todos os 266 chefes da igreja.
 

Nada, porém, mais equivocado: o cardeal emérito de 79 anos, com experiência nas estruturas da Santa Sé, é um dos favoritos da ala conservadora da Igreja Católica para suceder Francisco, visto como progressista.
 

Nomeado em 1979 arcebispo de Conacri, capital de seu país, aos 34 anos -João Paulo 2º o chamava de “baby bishop”-, Sarah liderou o Dicastério para a Evangelização dos Povos por uma década, a partir de 2001. Essa divisão é responsável pela propagação do catolicismo pelo mundo.
 

Em 2010, Sarah foi nomeado cardeal pelo papa Bento 16 e participou do conclave que elegeu Francisco, em 2013. Logo em 2014, o pontífice argentino nomeou Sarah para liderar o Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, que cuida de questões litúrgicas; o guineense ficou no cargo até 2021.
 

A vasta experiência em órgãos da Cúria romana conecta-se a posições rígidas quanto à doutrina católica e um forte conservadorismo cultural.
 

De acordo com o site The College of Cardinals, criado pelo vaticanista Edward Pentin com uma equipe de jornalistas e especialistas católicos, uma das principais preocupações de Sarah reflete sua ortodoxia: “a perda do sagrado e a necessidade de defender a fé do espírito do tempo que o rejeitou”, diz o site, no perfil que fez de Sarah.
 

“À frente [do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos], ele favoreceu uma ‘reforma da reforma’ no que se refere à liturgia”, afirma o site, referindo-se à nova abordagem do catolicismo após o Concílio Vaticano 2º (1962-1965), uma tentativa de modernizar a igreja. (Fonte: BN) (Foto: Reprodução / Vatican News)