“Chapa das calças” e traição nos bastidores: Aero Cruz comenta reviravolta na disputa pela presidência da Câmara

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Em entrevista concedida hoje (08) ao Nossa Voz, o vereador Aero Cruz falou sobre a tumultuada eleição para a presidência da Câmara Municipal de Petrolina e seus bastidores. Na ocasião, ele apontou falhas na articulação política que resultaram em sua derrota e não poupou críticas ao assessor especial do prefeito, Orlando Tolentino, a quem acusou de participar da “articulação paralela” que o afastou do comando da Casa Plínio Amorim.

Aero também admitiu que houve um erro estratégico em sua campanha pela reeleição. “Eu assumo o erro da articulação. O erro não foi de Miguel [Coelho], não foi de Simão [Durando], o erro foi meu, da forma como articulei”. Segundo ele, apesar de contar com o apoio declarado do prefeito de Petrolina, do ex-prefeito Miguel Coelho e dos deputados Fernando Filho e Antônio Coelho, a confiança no trabalho realizado na casa e no apoio declarado por 16 dos 23 vereadores minou suas chances.

Sobre a articulação paralela, Cruz citou nominalmente o vereador Gilberto Melo, que desde o início manifestou interesse em disputar a presidência, e apontou o oposicionista Ronaldo Silva como um dos articuladores da chapa adversária. No entanto, a surpresa maior veio de dentro do componente do próprio núcleo governista, Orlando Tolentino. “Essa articulação somando a Gilberto, somando a Osório [Siqueira], aconteceu sem que eu, o prefeito Simão ou nosso líder Miguel Coelho soubéssemos. Foi uma articulação por cima”.

Aero relatou que, no dia da eleição, almoçou com Osório Siqueira e Manoel da Acosap, momento em que não foi mencionado qualquer indício de que Osório lançaria uma chapa concorrente. “Almocei com ele no dia da eleição… Jamais imaginaria que teria uma outra chapa”. A surpresa veio durante a sessão solene de eleição da mesa diretora, quando Osório apresentou sua candidatura: “Quando Osório puxou a chapa de dentro das calças, a gente sentiu: vamos ter outra chapa”.

Questionado sobre a ausência na reunião em que Durando anunciou a recondução de Diogo Hoffmann à liderança do governo na Câmara, Aero confirmou a presença do assessor especial do prefeito, Orlando Tolentino motivou sua retirada do gabinete do prefeito, onde os vereadores da base estavam reunidos. Sem esconder a decepção, afirmou: “Eu senti como um desrespeito a mim… Entrar numa sala de reunião com os vereadores e com a presença do articulador político do prefeito, Orlando Tolentino, após o que aconteceu, não é aceitável. (…) Cheguei para o prefeito e coloquei que reconhecia a legalidade da presidência do Osório. Mas gostaria de não participar de nenhuma reunião que tenha a presença do articulador Orlando Tolentino, até por respeito a mim, à minha família, aos meus amigos”.

Apesar do clima tenso, Aero garantiu que continuará apoiando o governo municipal, reafirmando a lealdade ao seu grupo político: “Se surgisse a oportunidade de ser governador de Pernambuco, mas para isso eu tivesse que trair o grupo de Fernando Bezerra Coelho, eu com certeza, não seria governador”.

Aero também comentou sobre a recondução de Diogo Hoffmann como líder do governo na Câmara, destacando que não seria justo reivindicar o posto após a derrota na eleição da mesa diretora. “Seria uma covardia minha chegar para Miguel, chegar para Simão e dizer: eu quero ser o líder agora”. Ele elogiou o trabalho de Hoffmann e disse ter pedido ao prefeito que o mantivesse na liderança: “Agradeci muito ao vereador Diogo Hoffmann, que deixou a liderança para concorrer na minha chapa. Seria uma covardia minha tirá-lo da liderança”.

Encerrando a entrevista, Aero Cruz reforçou seu compromisso com Petrolina e a necessidade de ética na política. “Saio de cabeça erguida, com a certeza de que fiz um bom trabalho. Agora é olhar para frente, continuar contribuindo para o progresso de Petrolina e respeitar, assim como espero ser respeitado.”