Chesf anuncia aumento da vazão da barragem de Sobradinho, após cheia do Rio São Francisco; a defluência chegará a 4.000 m³/s, a partir da próxima segunda-feira (16)

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A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) anunciou que vai aumentar a vazão da água da barragem do Sobradinho, na Bahia, a partir desta sexta-feira (13). O objetivo é liberar mais água por causa das cheias no rio São Francisco. 

Com a recomendação do operador nacional do sistema elétrico, que oficializou a situação de cheia nos reservatórios da bacia do São Francisco, serão liberados 3.500 m³ por segundo de água, a partir desta sexta-feira (13), com aumento gradativo de 500 m³ por segundo a cada dia. 

Com isso, a previsão é que a vazão chegue aos mesmos 4.000 m³/s de afluência (água que entra na barragem) até o dia 16 de janeiro, igualando o recorde de 2022. A liberação ocorre por conta do aumento da vazão da barragem de Três Marias, em Minas Gerais.  

“A barragem de Três Marias no alto em Minas Gerais, já estava chegando perto dessa linha de espera cheia, que é um um controle que tem. Sobradinho com 74% da capacidade, então passava a bacia do São Francisco operar sob condição de cheia. Quando passa a operar sob condição de cheia, existem umas regras que têm que ser aplicadas para que a gente não venha ter um problema maior. Isso junta o comitê do São Francisco, a Agência Nacional de Água (ANA); o Cema – que tem o Centro de Núcleo Desastre, as defesas; os Estados e vários órgãos passam a estudar esse monitoramento de vazões e meteorológicos”, informou o Secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Almacks Luiz Silva. 

Além disso, pontuou acerca da área de inundação previsível e que o poder público não cumpre a lei de ocupação de solo e permite às pessoas construírem em locais indevidos. “Em uma cidade ribeirinha, as pessoas não têm obedecido essa lei de ocupação de solo. Alguns prefeitos têm  aberto a porteira e deixando as pessoas construir. Quando chega a partir de 3.000 m³/s a 4.000 m³/s, nós temos ponto de estrangulamento”, afirmou Almacks. 

O Secretário do Comitê também destacou sobre os efeitos da rede de esgoto depositado no Rio São Francisco. “A máxima Sobradinho está pronta para operar com a vazão de 8.000 m³/s. Se essa chuva aumentar, nós vamos passar a operar 4.000 m/s,  a partir do dia 16, previsível até o dia 23. Com 4 mil dá problema de refluxo em todo o esgoto de Juazeiro e parte de Petrolina. Imagine, se tivesse que operar com 8 mil metros”. 

Sobre os ribeirinhos residentes do bairro Angari, em Juazeiro (BA), Almacks Luiz Silva, destacou a falta de omissão por parte do poder público. “Não vimos obras significantes para resolver esses problemas, principalmente o problema social, por parte Município de Juazeiro para aquele povo do Angary, que precisa ter que a essas ações desses órgãos públicos. Não é justo aquelas pessoas, todo ano, tem que como Cigano, nada pejorativo, ter que se mudar dois, três meses no ano, um mês, 15 dias das suas casas, porque ali não pode ficar. A gente tem em Juazeiro, inclusive, o parque fluvial, que foi construído ali naquela área. Por conta do aumento da vazão é desaconselhado”. 

Em relação às pessoas que descartam lixo de modo irregular ressaltou que o prejuízo será coletivo. “Quem joga somos nós. Somos nós que necessitamos do Rio e nós temos que ter atenção para o Rio, porque o rio é um ser vivo…querem despejar tudo nas margens do rio, quando vem um problema desse, vai assorear no rio e quando o rio tem assoreamento de um lado, ele vai ter uma força bem maior do outro lado e  assim desnivelar aquele fluxo de água que tem. Dá um problema em outro lugar. Então, vamos ter consciência, não vamos atribuir tudo ao poder público poder público”, reforçou o secretário do comitê.