Circuito Literário de Pernambuco chega a Petrolina com foco na justiça socioambiental e valorização da cultura local

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Entre os dias 14 e 19 de junho, Petrolina será palco da terceira etapa do Circuito Literário de Pernambuco (CLIP), promovido pela Secretaria de Educação do Estado. O evento, que neste ano tem como tema “Justiça Socioambiental no Contexto de Leituras do Mundo”, ocupará o pátio externo da Univasf com uma programação gratuita que une literatura, cultura popular, arte e reflexão.

A abertura oficial, marcada para o sábado (14), contará com a presença da governadora Raquel Lyra e do secretário estadual de Educação, Gilson Monteiro. O CLIPE busca fortalecer a educação pública, promover o acesso à cultura e refletir sobre sustentabilidade, inclusão e diversidade a partir da produção literária de estudantes, professores e comunidades.

Para comentar o impacto pedagógico e social do evento, conversamos com a gerente regional da GRE Petrolina, Célia Regina Carvalho, e com o produtor e realizador do CLIPE, Afonso Carvalho.

Educação, leitura e transformação

Célia Regina destacou como o tema do CLIPE se conecta com os projetos educacionais da rede estadual neste ano:

“Este ano, na rede, a gente tá trabalhando do tema, é, vidas, escolas, comunidade, educação para a promoção da justiça socioambiental. Então, esse circuito literário traz todas as abordagens literárias, culturais, conjuntamente com esse tema do ano letivo, que traz a reflexão da importância de cada um nessa sustentabilidade ambiental.”

Ela lembra ainda os frutos da edição anterior:

“A gente ficou muito feliz ano passado com o tema que trabalhamos. Vários frutos, inclusive livros, produções da rede estadual de educação. E este ano, a gente promove ainda mais esse encontro, aonde a gente tá reunindo grandes autoridades. Inclusive, estaremos homenageando Karina Lacerda, artista local que trabalha com reutilização e reciclagem, Vitor Flores, baluarte da defesa do meio ambiente, e Socorro Lacerda, que na sua literatura traz a questão da ecologia ambiental.”

Célia também enfatizou a valorização dos profissionais da educação:

“Os profissionais têm ainda a bonificação podendo fazer aquisição de obras nesse momento, pela iniciativa da nossa governadora Raquel Lyra. É um momento realmente sublime e imperioso nesse contexto da educação. A leitura produz, faz com que as pessoas possam produzir. Teremos lançamentos de obras de estudantes e professores, resultado direto da mobilização da rede.”

De leitores a autores

Segundo a gestora, a programação foi construída de forma colaborativa:

“Elaboramos um formulário em que as pessoas da rede se inscreviam e indicavam apresentações culturais ou produções. Tivemos inscrições de Cabrobó, Afrânio, Dormentes… E ainda teremos o lançamento do livro Os Kurumins Contam, da comunidade indígena, e a palestra de uma professora quilombola de Orocó. Tá bem rica a programação, considerando todos os contextos de onde vêm nossas escolas.”

Célia destaca o papel do CLIP como vetor de acesso democrático à cultura:

“É um momento de festa, de formação de massa crítica. A gente tem visto nos estudantes gremistas uma fala organizada, resultado de trabalho. A educação que fazemos hoje é com base, com intencionalidade, pensando no todo do ser. E a gente convida toda a população: quem não tem bonificação, também poderá adquirir livros. É um evento de todos.”

Cultura e política pública

Para Afonso Carvalho, realizador do CLIPE, o evento é um festival literário de alcance amplo:

“Esse evento é muito importante que aconteça. Nossa governadora teve a sensibilidade de dar um bônus muito importante. O ano passado foi R$ 1.000, este ano foi corrigido para R$ 1.045,60 para o professor e R$ 522,80 para o funcionário da educação. Esse bônus existia na época de Eduardo Campos, parou, e voltou agora com Raquel Lyra.”

Ele ressalta que o CLIP não se limita a uma feira de livros:

“É um festival literário, porque tem a cultura junto. Temos mais de 600 editoras presentes, com livros de R$ 5 ao infinito. É gratuito, o povo pode participar. Temos shows todos os dias, de 9h até à noite, com representações locais e regionais. Por exemplo, amanhã temos o Maestro Forró, de Recife, que é de nome internacional.”

Afonso celebra o impacto nas produções locais:

“Na primeira etapa tivemos três escritores locais, na segunda 57. Muitos conseguiram editoras para publicar. Isso incentiva novos escritores, novas publicações. A mulher de Cafu, jornalista e escritora, vai estar aqui também lançando livro. Cafu está na Europa, foi recebido até pelo Papa.”

Ele também apontou a importância do evento como política pública:

“Muitas vezes a gente fica no oba oba de política, e esquece que há político sério, que pensa na base, na justiça social, na educação de qualidade. Temos bandas escolares participando hoje com profissionais remunerados — antes era só voluntário. É uma decisão política. Hoje temos isso formalizado nas escolas.”

Leitura como transformação social

Afonso finaliza com uma crítica contundente à desinformação:

“Às vezes o pessoal confunde formado com informado. E não tem nada a ver. Às vezes você é doutor numa matéria, mas não é informado. Leitura é essencial para todo mundo. O clipe vai aos quatro cantos de Pernambuco. Começamos em Serra Talhada, fomos para Caruaru, agora chegamos ao São Francisco. Atinge não só o São Francisco, mas também o Araripe, Sertão Central…”

Para ele, o clipe é, acima de tudo, um ato de inclusão:

“Se trata talvez de uma equidade, de trazer aquele que não tem como chegar a esse meio cultural, que não seja por uma ação pública. O evento é do povo. E é com essa energia que a gente quer transformar o interior de Pernambuco através da leitura, da arte e da participação coletiva.”

Serviço:

📍 CLIP – Circuito Literário de Pernambuco – Etapa Petrolina
📅 De 14 a 19 de junho de 2025
📌 Pátio externo da UNIVASF – Petrolina (PE)
🎫 Entrada gratuita
📚 Feira de livros, lançamentos, shows, palestras, oficinas, atrações culturais e muito mais.